"Dispararam e mataram mulheres fora de casa quando elas apenas tentavam chamar por alguém que estivesse vivo, mataram famílias inteiras, adultos e crianças, e tentaram queimar os corpos", explicou Volodimir Zelensky, que esteve ontem em Bucha.

Zelensky disse que os militares russos atuaram "como terroristas", acusando-os de"seguir uma política consistente de destruição da diversidade étnica e religiosa, depois inflamam guerras e conduzem-nas deliberadamente de forma a matar o máximo de civis".

O presidente ucraniano acusou a Rússia de "colonialismo", por retirar "centenas de milhares" de ucranianos do seu país, criticando a passividade do Conselho de Segurança das Nações Unidas perante a ofensiva russa.

"Querem transformar ucranianos em escravos silenciosos", afirmou Zelensky perante o Conselho de Segurança da ONU. Zelensky acusou Moscovo de ter uma atitude "colonialista", levando "centenas de milhares" de ucranianos para a Rússia.

O líder ucraniano pediu uma reforma imediata do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que permita ao organismo ser "realmente eficaz" e "garantir a paz", sublinhando que "é hora de transformar a estrutura das Nações Unidas".

"Temos de fazer tudo o que está nas nossas mãos para dar às futuras gerações uma ONU eficaz", disse Zelensky.

“Não precisamos de 40 países”. Zelensky prioriza "atores sérios" para ajuda à Ucrânia

Antes, o presidente ucraniano disse à imprensa ucraniana que vários países se ofereceram para atuar como garantes da segurança do seu país, caso este adote um estatuto de neutralidade, mas nenhum especificou o seu compromisso.

Zelensky referiu que o seu Governo ainda não se reuniu com todos os países que manifestaram disposição para assumir esse papel, citando a França, os Estados Unidos, a Alemanha, a Turquia, o Reino Unido, a Polónia, a Itália, Israel e a Irlanda.

A proposta de paz de Kiev inclui a renúncia pela Ucrânia da adesão à NATO, declarando-se um país neutro, em troca de uma série de garantias de segurança para dissuadir futuras agressões russas.

Falando à imprensa ucraniana, Zelensky disse que “estes países [que ofereceram a sua ajuda] estão prontos para garantir coisas diferentes”, mas sublinhou que Kiev não recebeu nenhuma lista de compromissos específicos.

“Não precisamos de 40 países”, disse o Presidente ucraniano, avisando que o que é necessário são “atores sérios” que estejam dispostos a fornecer “armas em 24 horas” e colocar em prática uma série de sanções previamente estipuladas caso a situação o exija.

“Precisamos que apresentem tudo de uma vez, assim que recebermos uma ameaça da Federação Russa, no mesmo dia ou em dois ou três dias”, afirmou, acrescentando que o país também precisa de melhorar as capacidades de defesa do exército e construir um Estado “capaz de se proteger”.

“Sabemos que, mesmo que assine o tratado mais poderoso de sempre, a Rússia pode resolver voltar daí a dois anos”, disse.

Após a ronda de negociações de 29 de março em Istambul, a delegação ucraniana propôs a assinatura de um tratado de segurança para garantir o futuro do país, embora, de acordo com a proposta, seja necessário reformar a constituição e realizar um referendo sobre o estatuto do país.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.