Das cerca de 150 pessoas que compõem a associação, a maioria são estrangeiros, praticam permacultura (utilização de métodos ambientalmente sustentáveis) e decidiram avançar para a constituição da ARP pela necessidade de terem "uma voz ativa na reflorestação, mas também para fazer perguntas sobre o que vai ser feito", disse à agência Lusa a presidente da organização, Fernanda Rodrigues.

"Estaremos a fazer algo de errado. A floresta que temos, até agora, não funcionou e a monocultura dificulta a ação contra o incêndio. Temos que ter uma estratégia alternativa", frisou a responsável da associação, que tem sede na Graça, concelho de Pedrógão Grande, e que é apresentada no domingo, em Castanheira de Pera.

Segundo Fernanda Rodrigues, é necessária uma outra floresta no território afetado.

"Falamos de floresta, mas não temos floresta. É preciso trabalhar com a estratificação, do pequeno arbusto à árvore mais alta, através de um planeamento sustentável", sublinhou, referindo que a associação vai promover várias ações de formação para garantir que o conhecimento chega aos agricultores da região.

As formações vão ser vocacionadas também para os jovens da região, com uma vertente teórica e outra prática.

"Vamos aproveitar as formações para fazer a nossa reflorestação", frisou, sublinhando que uma das formações já realizadas permitiu começar a criar na aldeia do Gravito uma "agrofloresta" - um espaço em que se mistura a componente florestal com o cultivo de produtos hortícolas, como alfaces ou couves.

Nesse sentido, através da formação e da sensibilização, a associação quer levar conceitos como a agricultura sintrópica (plantação no mesmo local de espécies de portes e características diferentes) ou a permacultura até aos agricultores.

"Vamos voltar a ensinar ao pequeno agricultor os pequenos truques da agricultura tradicional que se foram esquecendo, como utilizar pequenas plantas silvestres comestíveis ou não utilizar produtos químicos", explanou.

De acordo com a presidente da associação, tem de se deixar de olhar para a floresta "como um espaço onde se arranjam fundos de x em x anos".

Para isso, acredita que as ações de formação com aplicação prática poderão ajudar as populações a mudar de ideias.

"Mesmo que as pessoas tenham dúvidas como vamos implementar no terreno, daqui a um ano poderão ver como é que está a funcionar", frisou.

Com as ações de formação, Fernanda Rodrigues espera que sejam criadas, aos poucos, "pequenos espaços que não são monoculturas" e que vão criar bolsas de humidade e funcionar como barreiras de contenção do fogo" na zona.

"Não é só dizer que funciona. Temos que mostrar que funciona", sublinhou.

A associação aceita donativos de sementes e plantas para a realização das suas ações.