A publicação é acompanhada de um apelo aos russos para se manifestarem no sábado contra o poder, renovando o convite de Navalny para protestos de rua.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, rejeitou de imediato estas acusações, que desmentiu em declarações à agência Ria Novosti, apesar de referir que ainda desconhece os detalhes deste inquérito.
Num vídeo com cerca de duas horas que já atingiu 500.000 visualizações no YouTube, registado antes do seu regresso à Rússia e à sua detenção no domingo, o principal detrator do Kremlin acusou o Presidente russo de ser o beneficiário, através de outros nomes, de uma vasta propriedade e de um imenso palácio perto da cidade de Guelendjik, nas margens do Mar Negro.
Este luxuoso complexo incluirá vinhas, um recinto de hóquei sobre o gelo ou um casino. Segundo o opositor, terá sido financiado por próximos do Presidente russo, como o patrão da Rosneft, Igor Setchine, ou o empresário Guennadi Timtchenko.
“É um Estado no interior da Rússia. E neste Estado apenas existe um czar inamovível. Putin”, considera Navalny, que também acusa o Presidente russo de ser “obcecado pelas riquezas e pelo luxo”.
Segundo Navalny, foram despendidos 100 mil milhões de rublos (1,12 mil milhões de euros) para construir este complexo, com uma superfície total de 7.000 hectares e que é propriedade do FSB, os serviços de informações russos.
A existência deste palácio e as suas alegadas ligações com Vladimir Putin emergiram pela primeira vez em 2010, e algumas investigações jornalísticas referiram-se a diversas infrações.
Nos últimos anos, as autoridades russas têm desmentido qualquer relação entre esta propriedade e o Presidente russo.
No entanto, Navalny considera que a sua investigação, incluindo fotos e documentos, comprovam a amplitude das infrações cometidas na construção do complexo.
O opositor especializou-se em inquéritos anticorrupção dirigidos à elite russa.
Ainda hoje, o ‘media’ russo RBK informou que foi detido um polícia acusado de ter divulgado dados que podem ter ajudado a identificar os presumíveis autores do envenenamento de Navalny em agosto passado com um agente neurotóxico.
O opositor continua a acusar Putin de ter ordenado o seu alegado envenenamento na Sibéria. A Rússia rejeita qualquer responsabilidade neste caso, e considera não existirem indícios que sugiram a existência de um crime contra Navalny.
O polícia detido, identificado como Kiril Chuprov, trabalhava num departamento policial da região de Samarra e foi detido em 29 de dezembro ao ser indiciado por suposto abuso de poder, indicou o RBK.
Segundo a investigação, o polícia, que está atualmente em prisão domiciliária, forneceu informações de uma base de dados a uma pessoa exterior ao seu serviço.
A detenção ocorreu poucos dias após a plataforma de investigação Bellingcat e os seus parceiros Der Spiegel e CNN referirem em 14 de dezembro passado que uma equipa de peritos de armas químicas do FSB estará envolvida no envenenamento de Navalny.
Alexei Navalny, 44 anos, foi detido no domingo num aeroporto de Moscovo no seu regresso ao país e após cinco meses de convalescença na Alemanha.
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