“Os outros países devem entender que não se pode, por um lado, apoiar a eliminação do Hamas e, por outro lado, pedir o fim da guerra, o que impediria a eliminação do Hamas”, disse Netanyahu, um dia depois de os EUA vetarem uma resolução da ONU que pedia um “cessar-fogo humanitário imediato” na Faixa de Gaza.

“Portanto, Israel continuará a sua guerra justa para eliminar o Hamas”, afirmou o primeiro-ministro israelita, num vídeo divulgado pelo seu gabinete, enquanto prossegue o 64.º dia da ofensiva militar na Faixa de Gaza.

Após um ataque surpresa do Hamas em território israelita, em 07 de outubro, que terá feito 1.400 mortos e pelo menos 126 reféns, Israel começou por lançar uma ofensiva terrestre no norte da Faixa de Gaza, que esta semana expandiu para sul e que já provocou a morte de, pelo menos, 17.700 palestinianos, admitindo-se que milhares estejam sob escombros, de acordo com as autoridades de Gaza.

O Governo israelita diz que a ofensiva tem por objetivo desmantelar o grupo islamita Hamas e a erradicação de todo o seu poder no enclave palestiniano e, por isso, o chefe do exército israelita apelou a um “aumento da pressão” naquele território.

A ofensiva israelita na Faixa de Gaza está a levar à morte e à rendição de muitos combatentes do Hamas, cuja “rede está a entrar em colapso”, disse o general Herzi Halevi numa cerimónia no Muro das Lamentações, em Jerusalém.

“Todos os dias vemos mais e mais terroristas mortos, mais e mais terroristas feridos e, nos últimos dias, vemos terroristas a renderem-se. É um sinal de que sua rede está a entrar em colapso, um sinal de que precisamos aumentar a pressão”,afirmou.

Quase 1,9 milhões de pessoas estão deslocadas internamente em Gaza – mais de 80% da população total de 2,3 milhões – e mais de um milhão delas foram retiradas para o sul do território.

Os ataques contínuos das forças israelitas no enclave dificultam a entrada e distribuição de ajuda humanitária, sendo diários os relatos de escassez e cortes de água e energia, uma situação que as agências da ONU dizem ser de desastre humanitário.

A votação da resolução a pedir o cessar-fogo humanitário ocorreu a pedido do próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, que recorreu a um mecanismo excecional da carta fundadora das Nações Unidas para pedir a intervenção do Conselho de Segurança em casos de graves ameaças à paz e à segurança no mundo.

Os Estados Unidos vetaram a resolução porque argumentam, tal como Israel, que o cessar-fogo serviria ao Hamas para se realistar, cimentar o seu poder e continuar a guerra em Gaza.