O atentado cometido na noite de 14 de julho foi classificado de terrorista pelas autoridades, embora até o momento não tenha sido reivindicado. De qualquer forma, o modus operandi lembra o de grupos terroristas como Al-Qaeda ou Estado Islâmico.

No mundo do extremismo francês, Nice é conhecida como a terra natal de Omar Omsen, conhecido como Oumar Diaby, considerado pelos serviços antiterroristas como um importante recrutador de extremistas que desejam ir à Síria.

Omsen era próximo do Forsane Alizza, um grupo islâmico dissolvido pelo governo em 2012.

Autor de vídeos de propaganda, este franco-senegalês de 40 anos, que se autoproclamou imã em Nice, viajou para a Síria em 2013, e afirma ter lutado nas fileiras do Jabat al-Nusra, o braço local da Al-Qaeda.

No verão passado circulou a notícia de que tinha morrido em combate, mas no início de junho reapareceu num programa do canal France 2, "Complément d'enquête". Foi divulgado então que estava localizado na região de Latakia, onde comanda uma unidade de 30 jovens franceses, na sua maioria originários de Nice.

Em março, o nome deste recrutador, especialmente ativo na internet, reapareceu após a detenção em Paris de um homem suspeito de querer efetuar "atos violentos" em França. Este indivíduo, Youssef E., havia sido condenado em março de 2014, juntamente com outros dois homens, por uma viagem interrompida à Síria. O trio teria entrado em contacto durante uma reunião organizada em dezembro de 2011 em Nice por Oumar Diaby, para falar da "Hégira", ou imigração às terras do jihadismo. Um dos condenados, Fares F., disse aos investigadores que havia sido doutrinado.

Segundo fontes policiais, antes de viajar para a Síria, Oumar Diaby trabalhou em 2012 num estabelecimento de fast-food halal em Nice, chamado "Nosra", investigado pelos serviços de inteligência.

A cidade da Riviera Francesa já foi ameaçada pelo extremismo em ocasiões anteriores.

No dia 3 de fevereiro de 2015, semanas depois do trauma provocado pelos atentados contra a revista satírica Charlie Hebdo e um supermercado kosher, Moussa Coulibaly agrediu com uma faca três militares que guardavam um centro judeu de Nice. Durante sua detenção, Coulibaly falou de seu ódio à França, à polícia, aos militares e judeus, segundo uma fonte próxima do caso.

"Sabemos que em Nice há um foco de radicalização", diz o deputado socialista Sébastien Pietrasanta.

Além disso, acrescenta, após o ataque de Moussa Coulibaly no início de 2015, Nice foi "a única zona da França", além de Paris, "onde o dispositivo de segurança foi reavaliado para passar ao nível 'alerta atentado'".