“Estava na Promenade des Anglais [quando] vi aquele camião em cima do passeio a levar as pessoas todas à frente. Estava já um senhor morto à minha beira. Estava cheio de mortos (…). Estou muito chocada porque havia muitas crianças mortas”, contou Fátima Lopes, de 50 anos, num relato emocionado à agência Lusa.
Descrevendo uma cena “horrível”, recorda o "pânico incrível” que se gerou, com toda a gente a gritar e “a fugir para um lado e para o outro”.
Fátima Lopes estava com o marido quando ocorreu o ataque, que fez pelo menos 84 mortos e mais de uma centena de feridos – 18 dos quais em estado crítico –, de acordo com o mais recente balanço oficial.
Tinham ido jantar com a filha a um restaurante e iam a passar, numa altura em que o fogo-de-artifício estava a acabar, quando viram um camião a seguir a alta velocidade.
“Foi tudo tão depressa, o camião ia a mais de 90 [quilómetros] à hora”, relatou Fátima Lopes, recordando que até comentou com o marido que o condutor do veículo pesado devia ter perdido o controlo ou ter tido problemas nos travões.
“Saímos do carro e começou tudo a parar, a dar assistência às pessoas, a cobri-las com o que tinham, com casacos, sei lá. Eram só mortos, só pedaços de pessoas”, descreveu.
Outros familiares de Fátima Lopes também testemunharam o ataque.
“A minha irmã se não fosse o homem dela puxá-la para trás também estava morta. Os meus sobrinhos, com 10 e 14 anos, também viram os mortos como eu e começaram a chorar”, relatou.
Depois, continuou, foi-lhes dito para que se afastassem e ouviram-se tiros. “O que a gente queria era meter-se num cantinho e não mexer mais”, lembrou.
Fátima Lopes também recordou que estavam muitos portugueses no local, pelo que teme que estejam alguns entre as vítimas.
Segundo dados facultados à agência Lusa pelo secretário de Estado da Comunidades, José Luís Carneiro, atualmente encontram-se em Nice aproximadamente 10 mil portugueses.
Um homem lançou um camião contra uma multidão na avenida marginal de Nice, a Promenade des Anglais, que na quinta-feira assistia a um fogo-de-artifício para celebrar o dia nacional de França.
As autoridades francesas consideram estar perante um atentado terrorista e o Presidente da França, François Hollande, anunciou o prolongamento por mais três meses do estado de emergência que vigora no país desde o ano passado.
A autoria do ataque ainda não foi reivindicada.
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