“A Maduro [Presidente da Venezuela] não lhe interessa a legitimidade” do processo eleitoral, uma vez que o que procura é “aniquilar toda a alternativa democrática”, disse Guaidó numa videoconferência, a partir de Caracas, com a Comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado francês.

O líder da oposição venezuelana insistiu que a votação de domingo vai decorrer na “ausência de condições democráticas”, sem uma supervisão internacional adequada e no meio de “violações dos direitos humanos” constatadas de forma repetida pelas Nações Unidas.

O Parlamento Europeu (PE) anunciou hoje, em Bruxelas, que não irá enviar observadores eleitorais às eleições venezuelanas, que não são reconhecidas nem pela União Europeia (UE) nem pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

Guaidó acrescentou também que as eleições vão desenrolar-se no meio de uma grave crise económica, em que o governo de Maduro está a utilizar a alimentação “como uma arma” contra a população.

“A maior rede de distribuição de alimentos é o Governo, através de subsídios”, referiu o opositor, que recordou ainda que há mais de 300 presos políticos no país.

Um contexto, afirmou, em que as eleições de domingo “não têm as necessárias garantias democráticas”.

Nesse sentido, Guaidó pediu aos países do Ocidente que ajudem a Venezuela a “recuperar a democracia”, face a umas eleições que o regime tem aproveitado para “confundir a opinião internacional”.

Hoje, em Bruxelas, o PE anunciou que não vai enviar observadores às eleições para a Assembleia Nacional venezuelana por entender que não estão reunidas as condições para um processo justo e transparente.

Numa declaração, os presidentes das comissões parlamentares de Negócios Estrangeiros, David McAllister, e de Desenvolvimento, Tomas Tobé, que também copresidem ao Grupo de Apoio à Democracia e de Coordenação Eleitoral do Parlamento Europeu, sublinharam que o Parlamento Europeu também não comentará o processo, nem os resultados que serão anunciados posteriormente.

“Nenhum membro do Parlamento Europeu foi mandatado individualmente para observar ou comentar este processo eleitoral em seu nome. Se qualquer membro do Parlamento Europeu decidir observar as eleições, fá-lo-á por sua própria iniciativa” e não deverá em circunstância alguma, através de qualquer declaração ou ação, associar a sua participação ao Parlamento Europeu”, lê-se na declaração à imprensa.

As eleições são questionadas pela comunidade internacional, incluindo a UE e a OEA, porque consideram que não se trata de um processo transparente face à intervenção dos partidos políticos pelo Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), acusado de ser pró-Chávez.

O Supremo Tribunal colocou à frente destes partidos antigos militantes que foram expulsos e acusados pelos seus antigos colegas de serem corruptos.

Após a decisão, os partidos, com os seus nomes, cores e símbolos, estarão no cartão eleitoral, mas não sob a liderança dos políticos que foram eleitos pela militância, mas dos que foram impostos pelo TSJ.

Perante isto, a oposição liderada por Guaidó solicitou uma consulta aos cidadãos para perguntar aos venezuelanos se rejeitam as eleições, se exigem a partida de Maduro e a convocação de novas eleições presidenciais e parlamentares.

Também perguntará se “ordenam” que se deem “os passos necessários perante a comunidade internacional para ativar a cooperação, o acompanhamento e a assistência para salvar a nossa democracia”.