Em conferência de imprensa, no final da assembleia-geral de acionistas em que foi reconduzido para um novo mandato, com 99,70% do capital, António Mexia prometeu "tratar todos os desafios que neste momento se colocam à companhia", em resposta à sua condição de arguido na investigação do Ministério Público sobre os CMEC (Custo para Manutenção do Equilíbrio Contratual) e os diferendos com o Governo e com o regulador do setor.

"Estou no setor há 12 anos. Já houve muitos presidentes, muitos governos, muitos reguladores, a companhia tem sabido fazer sempre aquilo que lhe compete. Estamos a fazer aqui a nossa obrigação e não deixaremos que ninguém, sobretudo alguém que não tem ações desta companhia, possa modificar o destino de uma empresa que cumpre as regras todas, que tem acionistas que sabem o que querem", declarou.

Questionado sobre o mandato que agora se inicia, António Mexia disse que na EDP vê "essencialmente luz", realçando que tem intenção de "tratar todos os desafios que neste momento se colocam à companhia".

"Vocês falam muitos em mandatos, eu vejo a minha relação com esta empresa como uma relação diária, em que o essencial é a confiança dos acionistas e dos nossos clientes. Faço tensões de tratar todos os desafios que neste momento se colocam e que sabemos exatamente quais são", acrescentou.

Sobre o ambiente da assembleia-geral anual, em que esteve representado 70% do capital, o gestor disse que não viu "sombra nenhuma", prometendo afastar as nuvens legislativas e regulatórias que pairam sob a empresa "para que se veja a verdade".

"Discutir temas regulatórios e legisltivos faz parte do dia a dia de uma empresa que esteja no setor da energia, isso é verdade em qualquer país", disse o gestor, referindo que "esses temas foram debatidos com toda a naturalidade" na reunião magna.

Já sobre eventuais questões de acionistas sobre negociações com outras empresas para processos de fusão, Mexia disse que "as questões levantadas foram sobre realidade e não sobre realidade virtual. Discutiram-se factos e números, sempre de forma objetiva".

"Se esta companhia não tivesse tido ambição que teve no passado seria hoje uma empresa muito mais débil, quase irrelevante", realçou, referindo-se à capacidade que a EDP teve de antecipar a mudança tecnológica que se operou no setor.

António Mexia foi hoje reconduzido na liderança da EDP para o próximo triénio, período em que deverão ser conhecidos desenvolvimentos no processo que investiga a introdução dos CMEC, e decisões em litígios com o Estado português.

O ponto nove da ordem de trabalhos da assembleia-geral de acionistas relativo à eleição dos membros do Conselho de Administração Executivo foi aprovado por 99,70% do capital representado (70% do total).

Alguns dos maiores desafios do novo mandato de António Mexia acontecem na Justiça, onde decorre a investigação do Ministério Público, que conta uma dezena de arguidos, que visa apurar o processo legislativo bem como os procedimentos administrativos relativos à introdução no setor elétrico nacional dos CMEC.

Em paralelo, decorrem vários processos entre a empresa e o Estado, sendo o mais mediático o relativo à Contribuição Especial sobre o Setor Energéticos (CESE), que é suportada pelas energéticas desde 2014 e contestado nos tribunais pela sua continuação.

O novo Conselho de Administração Executivo hoje eleito passa a ter nove elementos e dois nomes novos - Maria Teresa Isabel Pereira e Vera Pinto Pereira.

De resto, Mexia vai continuar a ter a mesma equipa, nomeadamente João Manso Neto, presidente da EDP Renováveis, Miguel Stilwell, presidente da EDP Comercial, Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, João Marques da Cruz, António Marques da Costa e Rui Teixeira.

Os acionistas da EDP aprovaram também hoje Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, para presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, cargo até agora ocupado pelo ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga, com 95,44% do capital representado a votar favoravelmente.

Este órgão integra também no próximo triénio Maria Celeste Cardona, Ilídio de Pinho, Braga de Macedo e Vasco Rocha Vieira, não sendo ainda identificados os representantes de todos os principais acionistas, como a CTG.