A opinião é do investigador especialista em alterações climáticas e professor universitário Filipe Duarte Santos, em declarações à Lusa a propósito do prémio Nobel da Economia, hoje atribuído a dois norte-americanos, um deles por associar as alterações climáticas ao comportamento da economia.

“É uma boa decisão da Academia sueca premiar estes economistas. O ambiente não é só a flor e o passarinho no parque natural. O ambiente é tudo e é preciso que os economistas se convençam que crescimento económico sim, mas sustentável”, disse o especialista.

As pessoas e os governos querem crescimento económico, porque com ele vem prosperidade e qualidade de vida. E se as alterações climáticas até agora não têm afetado grandemente o crescimento económico - disse Filipe Duarte Santos - a situação está a mudar.

“Em Portugal, talvez fosse preferível o Governo não gastar o que gastou nos fogos florestais dos últimos anos. Ou os milhões que gastou com a proteção da zona costeira devido à erosão, agravada pela subida do nível das águas do mar”, salientou o especialista, acrescentando que se não forem cumpridas as metas delineadas no acordo de Paris sobre redução de gases com efeito de estufa "não vão ser necessárias dezenas, mas centenas de milhões para defender a costa”.

Para Filipe Duarte Santos, é positivo que o Nobel distinga quem se preocupa com estas questões, para tornar as pessoas “mais conscientes”, porque há no mundo países e governos que não entendem.

“É necessário que os que estão conscientes e os que são mais afetados, como Portugal, façam cada vez mais ouvir a sua voz”, disse.

A Real Academia de Ciências sueca anunciou hoje que o prémio Nobel da Economia foi atribuído aos norte-americanos William D. Nordhaus e Paul M. Romer.

"William D. Nordhaus e Paul M. Romer têm desenvolvido métodos para relacionar algumas das perguntas mais básicas e prementes do nosso tempo sobre como criar crescimento económico sustentado e sustentável a longo prazo", disse a Academia.

Nordhaus, segundo a Academia, demonstra nas suas investigações como a atividade económica se relaciona com a química e a física básicas para provocar alterações climáticas, destacando que foi o primeiro investigador a criar um modelo quantitativo que descreve a inter-relação entre a economia e o clima.