Na segunda-feira, em reunião do executivo, o vereador eleito pela CDU, Francisco Queirós, criticou o município por conceder apoio à Nova Acrópole, alegando que aquela organização internacional teria sido considerada uma “seita”, num ponto que também mereceu reservas levantadas pelos vereadores do PS.
Em resposta enviada à agência Lusa, a associação vincou que a CDU faz acusações contra a Nova Acrópole “que não se baseiam em nenhum facto comprovado”.
A Nova Acrópole disse que é feito eco “de acusações infundadas encontradas na internet, replicando informações dos anos 1980 já comprovadas como falsas e, portanto, descontextualizadas”.
Para a associação, as “expressões difamatórias” são utilizadas com a finalidade de “atacar politicamente o executivo do município de Coimbra”, considerando que se trata de “um episódio de divergência política que utiliza a Nova Acrópole e instrumentaliza órgãos de comunicação social nas suas lutas partidárias”.
A organização esclareceu que, ao contrário do que foi afirmado pelo vereador, “não teve nenhum tribunal ou decisão judicial a considerá-la como seita” e que o Governo francês não usa esse termo para designar a organização.
“Não entendemos, além disso, o que pode significar ter sido ‘acolhida pelo franquismo’, além de ter sido fundada [a sua congénere] em Espanha no ano de 1972”.
Já sobre a consideração da Federação de Associações na Defesa de Famílias e Indivíduos Vítimas de Seitas que alertou para uma estrutura fascizante da organização francesa da Nova Acrópole, a congénere portuguesa referiu que essa instituição que faz a acusação “é uma associação privada”.
Relativamente ao relatório do Parlamento Europeu de 1985 sobre o crescimento do fascismo e do racismo na Europa onde é feita referência à organização, a associação esclareceu que aquele inquérito foi produzido “já há 40 anos, num outro contexto histórico, e fazendo referências soltas à Nova Acrópole, em locais e situações pontuais e sem detalhes argumentativos consistentes”, com referência à atividade no Luxemburgo, em Espanha e em França.
“Nessa altura, a Nova Acrópole ainda não se encontrava organizada como associação internacional, como o é atualmente, e por essa razão acabou por não haver nessa altura uma resposta internacional nem se tomaram medidas jurídicas”, esclareceu, frisando que as referências que surgem no relatório “carecem de fundamento e não referem factos” e que nunca mais a associação surgiu mencionada “em qualquer relatório do género” desde então.
A Nova Acrópole sublinhou que “é uma associação independente e apolítica, fundada na Argentina em 1957, que exerce as suas atividades em Portugal desde 1979, tendo obtido prémios de mérito e reconhecimentos de diversas instituições públicas portuguesas, respeitando estritamente a lei, as regras democráticas e a dignidade das pessoas”.
A instituição “promove a prática da filosofia como fonte de liberdade e pensamento crítico necessários para o funcionamento esclarecido da democracia e realiza ações pacíficas e não violentas a serviço da sociedade”, acrescentou.
Segundo a organização, “os milhares de pessoas beneficiadas pelo nosso trabalho todos os anos e mais de meio século de historial verificável são suficientes para provar a confiabilidade da nossa associação”.
Para além disso, as acusações de uma alegada aproximação à extrema-direita por parte da Nova Acrópole “são o oposto dos valores e práticas da associação”.
“É por isso que devemos lembrar que o primeiro princípio da Nova Acrópole promove um ideal de fraternidade baseado no respeito pela dignidade humana além das diferenças de sexo, cultura, crenças, origem social, cor da pele, etc. A Nova Acrópole tem-se expressado firmemente e constantemente nos últimos 66 anos contra todas as formas de racismo e colonialismo”, asseverou.
A associação entende ser “um baluarte contra ideologias extremistas, fascistas e totalitárias, contra as quais a Nova Acrópole tem lutado incansavelmente desde a sua criação, especialmente nas suas conferências, revistas e livros”.
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