José Barata, que falou à imprensa à margem da 14.ª edição do estudo Tech Trends da Deloitte, que indica seis tendências tecnológicas – flexibilidade, confiança na inteligência artificial, o que está acima da cloud, metaverso (internet imersiva para as empresas), ‘blockchain’ (arquitetura descentralizada) e ‘mainframes’ (como modernizar sistemas antigos face à evolução tecnológica) -, disse que os resultados deste estudo demonstram “que o homem ainda continua a ser o centro de tudo”.
“Nota-se que há uma escassez de recursos humanos capacitados, qualificados, para poder operar as tecnologias, e a captação, capacitação e retenção de talento é hoje um dos principais desafios para se poder ter a tecnologia ao serviço do negócio”, referiu José Barata.
“Em Angola, é algo que se verifica em todas as organizações. O meu colega lançou o repto, que venha a primeira organização que diga que, em termos de recursos humanos na área de tecnologia, está suficientemente atendida e que tem as pessoas necessárias e capacitadas. De facto, todas têm esse desafio”, salientou.
Segundo José Barata, esta falta de talento é global, principalmente depois da pandemia da covid-19, assistindo-se a saltos muito significativos a nível da tecnologia, o que requer cada vez mais pessoas capacitadas e qualificadas.
“As universidades não estão a conseguir dar resposta a esta demanda, a demanda surgiu de uma forma mais rápida do que aquela que as universidades estão a conseguir dar resposta”, frisou, reiterando que as organizações devem investir no capital humano, na sua capacitação e retenção.
A escassez de recursos humanos verifica-se em todos os setores, realçou José Barata, com maior realce naqueles que requerem mais tecnologia, como os serviços financeiros, banca, seguros e telecomunicações.
Por sua vez, Nuno Carvalho, partner da Deloitte, disse à Lusa que Angola pode tirar maior proveito da primeira tendência tecnológica, a flexibilidade, a que “claramente” pode beneficiar as organizações do país, do ponto de vista de competências para melhor responder.
“Ou seja, Angola tem mesmo que investir do ponto de vista da capacitação humana, acho que as organizações têm que criar as suas academias, tendo já em conta aquilo que são as evoluções tecnológicas a que estamos a assistir”, vincou.
Para Nuno Carvalho, as organizações angolanas podem tirar bastantes vantagens das seis tendências tecnológicas, “mas tem que haver uma consciência de que as organizações têm que fazer os seus investimentos para conseguir garantir as competências certas para poder dar resposta a esses desafios”.
“Eu diria que, à escala global, hoje as organizações estão a sentir muitas limitações, porque os conceitos são novos, as funcionalidades são novas, as soluções são novas, e não há ritmo para que as pessoas aprendam o que está a ser transmitido”, observou.
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