“Posso confirmar que o BCE recebeu hoje o relatório [da auditoria externa] solicitado pelo Governo português e irá agora avaliá-lo”, disse fonte oficial da instituição europeia de supervisão bancária quando questionada pela agência Lusa.

Em causa está a auditoria realizada pela consultora Deloitte aos atos de gestão do BES/Novo Banco no período entre 2000 e 2018, ou seja, abarcando quer o período antes quer depois da resolução do BES, como a criação do Novo Banco.

O relatório desta auditoria, que decorre desde o ano passado e deveria ter ficado concluída em julho, foi entregue na passada terça-feira ao Governo.

Nesse dia, em comunicado, o Ministério das Finanças disse que recebeu o relatório da auditoria externa e que o documento "será remetido à Procuradoria-Geral da República considerando as competências constitucionais e legais do Ministério Público".

Segundo o Governo, o relatório revela perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco (entre 4 de agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de dezembro de 2018).

O documento descreve, ainda, “um conjunto de insuficiências e deficiências graves" no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em ativos financeiros e imobiliários, de acordo com o executivo.

Nascido na resolução do BES (em 03 de agosto de 2014), 75% do Novo Banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, mantendo o Fundo de Resolução bancário 25%, numa solução acordada entre Banco de Portugal e Governo.

Aquando da venda, foi acordado um mecanismo de capital contingente, que prevê que até 2026 o Fundo de Resolução compensa o Novo Banco por perdas de capital num conjunto de ativos que 'herdou' do BES até 3.890 milhões de euros.

Desde então e até hoje, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros e ainda poderá colocar mais de 900 milhões de euros, valores que em cada ano têm impacto nas contas públicas uma vez que o Fundo de Resolução é uma entidade da esfera do Estado.