"Uma das pessoas identificadas é René Beltjens, que é identificado nesta nota do Novo Banco como sendo membro da PwC International Tax Structuring Network, ou seja, a mesma entidade, a PwC, que um tempo antes fez a avaliação do ativo Tranquilidade", disse o deputado, referindo-se a um documento interno do Novo Banco.

Nesse parecer de risco interno do banco "relativo à sociedade que a Apollo criou para a compra da Tranquilidade", é feita "uma análise dos órgãos de gestão, de quem são as pessoas que estão à frente deste fundo", segundo o deputado.

O parecer foi tornado público hoje na audição ao antigo administrador financeiro do Novo Banco João Moreira Rato, questionando o deputado do PCP Duarte Alves "como é que não foi levantada dúvida" acerca de se estar a vender a seguradora a um fundo cujo administrador era "identificado como sendo da PwC".

"Estamos a falar de um ativo que foi avaliado anteriormente cerca de 800 milhões de euros, depois é vendido por 40 [milhões] e mesmo assim o 'cash' entregue é menor do que isso e passado uns anos é vendido por 600 [milhões]", recordou o parlamentar comunista.

Em resposta, João Moreira Rato disse desconhecer o administrador e o facto de estar associado à PwC, referindo que "foi um processo competitivo em que foi vendida a Tranquilidade por um valor próximo e totalmente compatível com o valor que foi praticado na venda da Caixa Seguros pouco tempo antes".

"Nós já falámos em todas as circunstâncias difíceis que rodearam essa venda e todas as pressões vendedoras que poderiam ter acontecido, mas na minha opinião o resultado foi bastante bom dadas as circunstâncias", referiu o antigo responsável do Novo Banco.

João Moreira Rato disse ainda que a sua saída do Novo Banco não esteve relacionada com a venda da Tranquilidade.

Na audição, depois de já ter sido referido que a proposta não vinculativa da Liberty Seguros para compra da Tranquilidade superava os 200 milhões de euros, o deputado do PS Miguel Matos citou um documento em que o conselho de administração do Novo Banco refere que a proposta geraria "'cash' de 75 milhões de euros, três vezes o valor que a Apollo acabou por pagar".

"Propuseram uma proposta vinculativa dali a quatro dias, quando os demais tiveram meses de 'due diligence'. O que eu pergunto é se isso são condições normais para a Liberty converter essa proposta em vinculativa", questionou o deputado do PS.

João Moreira Rato considerou que "é muito fácil apresentar uma proposta não vinculativa com valores elevados, se depois o interesse em transformá-la em vinculativa é remoto".