Carlos Moedas, antigo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro no Governo liderado por Passos Coelho e candidato do PSD/CDS-PP à Câmara de Lisboa, não estava na lista inicial das personalidades a ser ouvidas na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, mas o PS pediu a sua audição, que decorreu esta manhã.

No período de inquirição do deputado do PS João Paulo Correia, o socialista insistiu longos minutos num telefonema que o ex-presidente do BES Ricardo Salgado fez a Carlos Moedas em 2014, a propósito da abertura, por parte da procuradoria do Luxemburgo, de um inquérito a três empresas do GES.

“Aquilo que eu disse ao doutor Ricardo Salgado foi ser polido e educado: ‘sim senhor, estou a ouvi-lo'”, respondeu o antigo secretário de Estado, mais do que uma vez, perante a insistência da pergunta do deputado do PS sobre se “disse ou não disse” nesse telefonema que iria contactar o então ministro da Justiça do Luxemburgo.

Moedas afirmou que “não lhe disse redondamente que não” – se era isso que João Paulo Correia estava “a tentar insinuar” -, mas deixou claro que sabia desde o início “muito bem o que ia fazer”, que “era não contactar absolutamente ninguém”.

“A minha resposta é tão clara como a sua pergunta. Quando o senhor deputado recebe um telefonema de um presidente de um banco, o senhor deputado – e imagino eu, que é um homem educado – teria dito exatamente aquilo que eu disse. Eu não lhe disse que sim nem que não, obviamente”, assegurou.

O antigo governante do executivo liderado por Passos Coelho garantiu que disse apenas a Ricardo Salgado que o estava a ouvir e, quando desligou o telefone, foi para casa e não fez “absolutamente nada como está provado”, sublinhando que “os factos falam por si”.

“Aqui o ponto não é o telefonema, são os factos. Os factos são que, pela primeira vez na história, um Governo disse que não a Ricardo Salgado. Ao contrário de outros governos, nós dissemos que não a Ricardo Salgado. Não há dúvida sobre isso”, contra-atacou, considerando “importante que fique escrito e que fique dito porque outros não o poderiam dizer”.