Faltavam alguns minutos para as 08:00 e a plataforma da estação de comboios de Vila Franca de Xira com destino a Lisboa já estava completamente preenchida.
“Uma manhã perfeitamente normal”, segundo alguns utentes, ouvidos pela agência Lusa, que asseguram não ter notado “uma maior afluência”, apesar de os títulos de transporte estarem mais baratos.
Os passes metropolitanos Navegante, em Lisboa, e Andante, no Porto, passam a ter um custo máximo de 40 euros e permitem viajar por todos os concelhos das Áreas Metropolitanas, estimando-se que permitam às famílias poupar, nalguns casos, cerca de cem euros mensais.
“Comprei o meu passe há três dias e, nesse dia, havia muita confusão. Hoje, não noto que haja mais gente do que é costume”, conta à Lusa Ermelinda Cruz.
Esta utente, que utiliza diariamente o comboio para se deslocar para o trabalho, em Lisboa, está “bastante satisfeita” com a redução do passe, que lhe permite poupar mensalmente “mais de 30 euros”, mas admite ter dúvidas de que a medida “vigore muito tempo”.
“Vamos ver se é para continuar ou se é apenas uma experiência. Estou a achar muita fruta”, diz, com um sorriso.
Sentadas num banco mais à frente, à espera também do comboio para Lisboa, Fernanda Pereira e Natividade disseram estar satisfeitas com a redução do preço dos passes, que lhes permitem poupar 30 euros, mas alertaram para a necessidade de se aumentar o número de carruagens para dar mais conforto aos passageiros.
“Nunca há lugar e é sempre uma desorganização. Eles têm obrigatoriamente que pôr mais comboios”, defende Fernanda Pereira.
Contudo, nem todos os utentes que viajam nesta linha o podem fazer com apenas um passe, bastando para isso terem proveniência ou como destino municípios fora da Área Metropolitana de Lisboa, como é o caso de Luís Sousa, residente no concelho de Benavente, no distrito de Santarém.
“Geralmente venho de carro para aqui, mas hoje vim de autocarro. Acho que os descontos também deviam ser alargados para a zona onde vivo e já ouvi dizer que estão a estudar essa possibilidade. Depois talvez passe a vir sempre de transportes públicos”, disse.
Na plataforma contrária (sentido sul-norte) desembarca Pedro Real, que viaja diariamente de Algueirão, no concelho de Sintra, para o Carregado, no município de Alenquer.
Ainda com muitas dúvidas, o utente dirige-se ao guichet da estação para pedir informações sobre qual é a melhor opção para o seu caso.
“De Algueirão para aqui [Vila Franca de Xira] poupo 20 euros no passe, mas, para já, vou ter de gastar mais 50 euros para poder ir para o Carregado. Dizem que é uma situação temporária. Espero que sim”, suspirou resignado.
As maiores dúvidas continuam a ser para os utentes da transportadora rodoviária Boa Viagem, empresa que faz transportes para municípios limítrofes da Área Metropolitana de Lisboa e que ainda não estão abrangidos pelo passe Navegante.
“Para mim foi uma viagem normal porque já me tinha informado das mudanças, mas há muita gente que ainda faz muitas perguntas aos motoristas e parece confusa”, contou à Lusa Joana Costa, residente no concelho de Alenquer.
O facto de ainda não ser abrangida pelo novo tarifário não a preocupa, uma vez que existe a promessa de que tal venha a acontecer em maio.
Utentes de vários pontos do país, especialmente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, começam hoje a sentir alívio nos preços ao viajar nos transportes públicos com a entrada em vigor do passe único, medida que pretende reduzir o uso do transporte individual.
Os novos passes surgem em duas versões: Metropolitano, que tem um custo de 40 euros e permite viajar em todos os concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, e Municipal, que tem um custo de 30 euros e permite viajar apenas no concelho para o qual é comprado.
No resto do país, coube a cada uma das 21 Comunidades Intermunicipais definir quais os descontos para os seus municípios e algumas começam já a aplicar reduções a partir de hoje, embora a maior parte esteja ainda a ultimar planos para os respetivos concelhos e remeta a sua aplicação para maio.
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