Ali, onde a maioria dos fiéis são imigrantes brasileiros, não se fala de outros candidatos às eleições presidenciais no Brasil, marcadas para 02 de outubro. Até parece que só existem dois políticos na corrida ao Palácio do Planalto, em Brasília, o atual chefe de Estado do país, Jair Bolsonaro, e o antigo Presidente da República Luíz Inácio Lula da Silva.
Marcos Luiz de Barros Nunes, nasceu Mato Grosso do Sul e foi criado no interior de São Paulo. Hoje, defende que o melhor para o país "seria o candidato Bolsonaro". Porque "traz princípios que se assemelham àqueles que nós, cristãos, cremos, que é Deus, família e a nação em si", afirmou o pastor de 36 anos, há 16 a viver em Portugal.
Além disso, nos seus quatro anos de governo, “conseguiu que não houvessem grandes escândalos de corrupção, como havia no governo anterior”. Ora só "o facto de não haver tanta corrupção, já faz com que o Brasil sozinho consiga avançar e progredir. Porque o Brasil e o brasileiro em si é (…) empreendedor”, realçou.“É só não roubar, é só diminuir a corrupção, diminuir os impostos que pesam sobre o ombro do brasileiro”, acrescentou.
Mas, mesmo que o seu candidato favorito ganhe não evitará uma nova vaga de imigrantes, porque, "independente de quem ganhar no Brasil, algumas pessoas vão se sentir insatisfeitas com o governante de lá, e provavelmente vão escolher Portugal como destino" para viver.
Som, música, cânticos e leituras começaram a ser afinados, e um tempo depois chegam os primeiros fiéis. Uns, questionados pela Lusa, disseram que iriam votar em Bolsonaro, outros afirmaram estar ainda em dúvida.
"Sim, vou votar com certeza. Não abro mão do melhor para meu país", afirmou, mas não votará em Bolsonaro. "Olha, o que eu vejo, por tudo que eu vivi, é que o governo Lula melhorou muito e deu muita estabilidade ao pobre. Então, eu não tenho dúvida que eu vou votar no Lula", acrescentou a jovem de 28 anos, que desde que chegou a Portugal, em 2019, é funcionária de um lar de idosos. "Porque eu vejo que ele governa para a classe que eu represento, que é uma classe operária, trabalhadora no Brasil", reforçou.
"Eu inclusive sou formada graças ao governo Lula, que na época implantou vários incentivos aos estudos. Sou de uma família, como falei, da classe trabalhadora, de pobres, que se não fosse esses incentivos, eu não teria condição de pagar uma faculdade para mim", sublinhou.
"Não acho que o Bolsonaro possa dar isso à população. Porque nesse tempo todo ele não deu, pelo contrário, ele tirou. E tirou bastante dos direitos", frisou, para justificar ainda mais a sua intenção de voto.
Emyllz Sangaletti, 21 anos, há dois anos a viver em Portugal, veio para cá com vontade de continuar a estudar e porque o pai já vivia na zona de Cascais. "Está muito cara a faculdade que eu quero fazer, no caso, que é engenharia aeroespacial, e estaria fora do meu alcance lá [no Brasil]. Aqui [em Portugal] se torna mais possível nessa questão de estudo", afirmou.
"Pretendo votar no Lula", afirmou a jovem. "Porque (...) os ideais dele e a política que ele apresenta me representam mais do que a política do Bolsonaro".
"O Bolsonaro, na minha opinião, incita o pior lado das pessoas. E as pessoas que apoiam ele são pessoas que justificam o ódio, e mascaram seu próprio ódio à frente de um presidente que se diz cristão. Mas, na minha opinião, ele não é cristão e não me representa como cristã. Bolsonaro não me representa", explicou.
Sobre o facto de Lula ter estado alegadamente envolvido em casos de corrupção, Emyllz respondeu com um sorriso sereno: "Eu acompanhei todo o processo e agora ele está solto e foi absolvido das acusações. Não tiveram como comprovar as acusações".
A 31 de agosto último, o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Wladimir Valler Filho, anunciou que havia um total de 80.896 eleitores brasileiros registados para votarem em Portugal. Só o consulado de Lisboa, com maior número de inscritos fora do Brasil, registava 45.273 eleitores, um aumento superior a 100% relativamente às anteriores eleições presidenciais, em 2018, revelou o diplomata.
Ao todo, são 12 os candidatos que disputam as próximas presidenciais no Brasil: Jair Bolsonaro – que concorre a um segundo mandato -, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D’Ávila, Soraya Tronicke, Roberto Jefferson, Pablo Marçal, Eymael, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.
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