O Projeto Migrantes Desaparecidos da agência da ONU, que mantém um registo atualizado dos incidentes nas rotas migratórias de todo o mundo, indica que os números do ano passado (2.411) já foram ultrapassados, com 2023 a ser confirmado como o ano mais mortífero para a migração nas rotas do Mediterrâneo desde 2018.
Desde que a OIM lançou o sistema de rastreamento em 2014, o ano com mais vítimas mortais e pessoas desaparecidas confirmadas foi 2016 (5.136 vítimas), seguido de 2015 (4.055), 2014 (3.289) e 2017 (3.139).
Nos quase 10 anos de monitorização, 28.229 migrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo, incluindo 22.436 na rota central (das costas da Líbia e de outros países do Magrebe para Itália e Malta, principalmente) e 3.464 na rota ocidental (a maioria com destino a Espanha), de acordo com a OIM.
A rota oriental, que normalmente termina nas costas do mar Egeu na Grécia, foi a que registou menos vítimas desde 2014 (2.329).
Este ano, a rota mais perigosa continua a ser a do Mediterrâneo central (2.188 mortos ou desaparecidos até agora), seguida da rota ocidental (212) e da rota oriental (82 vítimas mortais).
A rota central foi palco, em junho, de um dos piores naufrágios de que há registo, no Mar Jónico, entre a Itália e a Grécia.
Pelo menos 82 ocupantes de um barco de pesca que transportava paquistaneses, sírios e outros migrantes da Ásia Central e do Médio Oriente foram confirmados como mortos no naufrágio ocorrido a cerca de 80 quilómetros da costa grega, embora se acredite que o número real de mortos seja de cerca de 500, dado o elevado número de pessoas desaparecidas.
Os mortos e desaparecidos representam cerca de 01% das pessoas que tentaram atravessar o Mediterrâneo em direção à Europa (mais de 266.000 este ano), das quais cerca de 87.000 foram intercetadas pelas autoridades no mar, de acordo com dados da OIM.
A rota do Mediterrâneo é, de longe, a que deixou mais mortos e desaparecidos desde 2014: com 28 mil vítimas, o dobro das cerca de 14 mil que ocorreram nas restantes rotas africanas, incluindo as que atravessam o deserto do Saara, o Mar Vermelho e o Atlântico em direção às Ilhas Canárias.
Na América do Sul e Central, onde se considera que se situam as rotas de migração terrestre mais perigosas, o número de mortos e desaparecidos desde 2014 subiu para 8.543, incluindo rotas como a travessia da fronteira entre os EUA e o México, as Caraíbas e o Estreito de Darién, uma selva pantanosa localizada no istmo entre o Panamá e a Colômbia.
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