O Ministério da Saúde da República Democrática do Congo (RDCongo) indicou que as localidades com mais mortes desde que foi declarada esta epidemia foram Beni, Mabalako, Katwa e Kalunguta, na província de Kivu Norte, e Mandima, em Ituri.
Comparativamente com os dados de 18 de dezembro, da Organização Mundial de Saúde (OMS), morreram mais 29 pessoas até à passada segunda-feira.
Os registos de casos de contaminação com Ébola – a grande maioria confirmados laboratorialmente – aumentaram igualmente, de 539 em 18 de dezembro para 583 até segunda-feira.
Esta epidemia de Ébola foi constatada em Mangina, nas províncias de Kivu Norte e Ituri, alastrando até perto da fronteira com o Uganda, em Beni, região do grupo armado ADF, que multiplicou os ataques contra civis, o que complicou a resposta sanitária.
É a primeira vez que uma epidemia de Ébola é declarada numa zona de conflito, onde existe uma centena de grupos armados, o que leva à deslocação contínua de centenas de milhares de pessoas que podem ter estado em contato com o vírus.
A insegurança complica e limita o trabalho dos profissionais de saúde que sofrem ataques ou mesmo sequestros realizados por grupos rebeldes, como aconteceu com três agentes de proteção civil e um epidemiologista na cidade de Matembo.
Nos últimos meses, a ONU inquietou-se com o risco de propagação da epidemia ao Burundi, Uganda, Ruanda e Sudão do Sul e uma resolução do Conselho de Segurança instou estes países africanos a reforçarem as capacidades operacionais para lutar contra a doença, em total cooperação com a OMS.
As eleições gerais previstas para 30 de dezembro na RDCongo foram adiadas para março de 2019 em algumas zonas de conflito e afetadas pelo vírus do Ébola, comunicou hoje a comissão eleitoral congolesa.
O adiamento será nas regiões de Beni e Butembo, na província do Kivu Norte, e na localidade de Yumbi, na província de Mai-Ndombe e a comissão eleitoral justificou o adiamento com a falta de condições de segurança.
Inicialmente previstas para 2016, as eleições de domingo foram já adiadas duas vezes, e, além de presidenciais, irão ainda permitir a escolha de representantes parlamentares a nível nacional e provincial.
O Governo da RDCongo admitiu que a epidemia de Ébola é já a maior da história do país relativamente ao número de contágios.
“[Esta epidemia] ultrapassa o da primeira epidemia registada na história [da RDCongo] em 1976″, afirmou o ministro da Saúde congolês, Oly Ilunga Kalenga, num comunicado divulgado em novembro pela agência de notícias espanhola Efe.
A RDCongo foi atingida nove vezes pelo Ébola, depois da primeira aparição do vírus no país africano, em 1976.
Em 1995, o vírus do Ébola, que se transmite por contacto físico através de fluidos corporais infetados e que provoca febre hemorrágica, provocou a morte a 250 pessoas na cidade de Kikwit, na província de Kwilu, no sudoeste da RDCongo.
Comentários