“Em 2017, há menos pessoas em privação material (18%, o que compara com 19,5% em 2016)”, referem os dados do inquérito realizado anualmente pelo INE sobre rendimentos do ano anterior das famílias residentes em Portugal.

Os dados também apontam para uma descida no número de pessoas que vivem em privação material severa: 711 mil (6,9%) este ano, contra 866 mil em 2016 (8,4%).

Considera-se “privação material” quando uma família não tem acesso a pelo menos três itens de uma lista de nove relacionados com necessidades económicas e bens duráveis devido a dificuldades económicas.

Na lista, estão incluídos itens como os atrasos no pagamento de rendas, empréstimos ou despesas correntes da casa, o facto de conseguir ou não comer uma refeição de carne e peixe de dois em dois dias, de ter ou não carro, televisão ou máquina de lavar roupa ou de conseguir ou não fazer face ao pagamento de uma despesa inesperada, entre outros.

A “privação material severa” corresponde à proporção da população em que se verificam pelo menos quatro das nove dificuldades.

Na maioria dos nove itens considerados, o número de pessoas que referiram dificuldades económicas reduziu-se em 2017, refere o INE, destacando que 44,3% vivem em agregados sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa (47,2% em 2016 e 51,3% em 2015).

Quase 400 mil portugueses disseram não ter atualmente capacidade para manter a casa adequadamente aquecida (o que representa uma taxa de 20,4%, menor do que os 22,5% em 2016 e os 23,8% em 2015), enquanto 36,9% não têm capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza (38,3% em 2016 e 40,7% em 2015).

Há ainda 7,6% que vivem em agregados sem capacidade para pagar atempadamente rendas, encargos ou despesas correntes (9,3% em 2016 e 10,1% em 2015).

O inquérito aponta ainda um aumento da “taxa de intensidade da pobreza”, que mede em termos percentuais a insuficiência de recursos da população em risco de pobreza.

Em 2016, a “taxa de intensidade da pobreza” situou-se nos 27%, mais 0,3 pontos percentuais do que no ano anterior (26,7%), todavia inferior ao registado em 2013 (30,3%) e 2014 (29,0%).

De acordo com o INE, a proporção da população com menos de 60 anos que vivia em agregados familiares com intensidade laboral ‘per capita’ muito reduzida foi de 8,0% em 2016 (menos 1,1 pontos do que em 2015 e menos 4,2 pontos do que em 2013).

Consideram-se em intensidade laboral muito reduzida todas as pessoas com menos de 60 anos que, no período de referência do rendimento, viviam em agregados familiares em que a população adulta entre 18 e 59 anos (excluindo estudantes) trabalhou em média menos de 20% do tempo de trabalho possível.

De acordo com o inquérito realizado em 2017, 2.399 milhares de pessoas encontravam-se em risco de pobreza ou exclusão social.

Consequentemente, a taxa de pobreza ou exclusão social é de 23,3%, menos 1,8 pontos percentuais do quem.