O presidente da República disse na segunda-feira, na Hungria, que "por definição, o presidente nunca é desautorizado pelo primeiro-ministro", depois de António Costa ter dito que ninguém pode garantir que não se volta atrás no processo de desconfinamento. Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro frisou hoje que "deve haver aí uma confusão qualquer" devido a estas declarações.
Estas declarações em que António Costa afastou qualquer conflito institucional com o presidente da República foram proferidas após ter presidido no Largo do Carmo, em Lisboa, à cerimónia de entrega da espada de oficial-general ao primeiro brigadeiro-general da Guarda Nacional Republicana (GNR), António Bogas.
"Ele [Marcelo Rebelo de Sousa] disse expressamente que, por natureza, o primeiro-ministro não desautoriza o presidente da República. Com certeza que não, nem nunca me passaria pela cabeça desautorizar o senhor presidente da República", começou por dizer António Costa.
"Isso é tudo um equívoco, certamente, entre as perguntas que foram feitas e as respostas que foram dadas. Aliás, tive oportunidade de dizer ontem que 100% dos portugueses desejam seguramente o que o senhor presidente da República deseja, que é que ninguém dê um passo atrás", garantiu, reforçando que "só pode haver" um mal-entendido.
"Por natureza, o primeiro-ministro não desautoriza o presidente da República. Não é o António Costa e o professor Marcelo Rebelo de Sousa; é institucional. Primeiro-ministro é primeiro-ministro, presidente da República é presidente da República; não há possibilidade de desautorização. Acho que há aí intriga, confusão, mal-entendido", apontou, explicando que "não há seguramente nenhum conflito nem nenhuma dúvida sobre isso".
"Nem sempre quando pensamos no mesmo temos de pensar o mesmo, mas nunca houve nenhuma ação desarticulada entre o primeiro-ministro e o presidente da República, sobretudo no que diz respeito à pandemia", disse. "Não vale a pena andarem a criar romances, deixemos os romances para a ficção — porque a realidade já é suficientemente densa para nos poder ocupar".
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