Apesar de pertencer ao Partido Popular Europeu, a família política da candidata indigitada pelo Conselho Europeu e a respaldar expressamente a sua investidura, Nuno Melo remeteu para “mais logo” a decisão sobre se irá votar a favor da política alemã.
“Estou numa fase de ponderação e depois logo se verá”, manifestou em declarações aos jornalistas em Estrasburgo, onde decorre a sessão plenária do Parlamento Europeu (PE).
O eurodeputado centrista recordou que é “crítico” do processo de designação de Ursula Von der Leyen, que considerou “uma intromissão do Conselho Europeu naquilo que são prerrogativas” da assembleia europeia.
Melo referia-se ao facto de os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) terem ‘ignorado’ o processo dos ‘Spitzenkandidaten’ (termo alemão para candidatos principais), método defendido pelo PE, apontando para a presidência da Comissão o nome da alemã, que não esteve na corrida à sucessão de Jean-Claude Juncker nas eleições europeias de maio, e não o de Manfred Weber, o candidato do PPE.
“Preferia que o candidato indicado como ‘Spitzenkandidat’ tivesse sido apresentado, era isso que era suposto. Agora esse processo pode estar morto, o que eu acho mal”, completou.
O eurodeputado português vincou ainda não apreciar a circunstância de Von der Leyen se tratar de “uma candidata profundamente federalista e que, entre outras coisas, defende o fim do veto dos Estados naquilo que tem que ver com a política externa”.
“A política externa é matricial e identitária e defende aquilo que estrategicamente tem que ver com os próprios países”, disse, lembrando que fez campanha “contra o fim do direito de veto dos Estados” e “por uma Europa que seja profundamente europeísta mas não federalista”.
Dizendo não ter ficado “nem surpreendido nem dececionado” com o discurso pronunciado hoje pela candidata no hemiciclo de Estrasburgo, Melo referiu compreender a “preocupação de compromisso” demonstrada pela ainda ministra alemã da Defesa.
“É normal quando se vai a votos e se tem de ter maior apoio politico do que do seu próprio partido apenas”, estimou, encontrando na sua declaração de interesses “outros aspetos vantajosos”, como “a preocupação com os mecanismos da coesão, a Política Agrícola Comum e as questões ambientais”.
O Parlamento Europeu vota hoje, às 18:00 locais (menos uma hora em Lisboa), a nomeação da alemã Ursula von der Leyen, candidata designada pelo Conselho Europeu, para a presidência da Comissão Europeia.
A ministra alemã necessita obter uma maioria absoluta - metade dos eurodeputados mais um, ou seja, 374 – para suceder ao luxemburguês Jean-Claude Juncker na presidência do executivo comunitário.
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