Contactada pela agência Lusa, Francisca Carneiro Fernandes mostrou-se "surpreendida com a decisão" da qual foi informada hoje à tarde. Tinha sido designada para um mandato de três anos, sendo afastada nas vésperas de cumprir o primeiro ano em funções.

"Tenho pena, acho que estávamos a fazer um bom trabalho que lamento não conseguir continuar", disse Francisca Carneiro Fernandes, que tinha tomado posse em dezembro de 2023, nomeada pelo anterior ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e substituído na altura Elísio Summavielle.

Em nota de imprensa, o gabinete da ministra Dalila Rodrigues refere que a nomeação de Nuno Vassallo e Silva se justifica pela “necessidade de imprimir nova orientação à gestão da Fundação Centro Cultural de Belém, para garantir que a fundação assegura um serviço de âmbito nacional, participando num novo ciclo da vida cultural portuguesa”.

Em 2023, quando foi anunciada a nomeação de Francisca Carneiro Fernandes, o então ministro Pedro Adão e Silva explicava que era tempo de "potenciar a relação entre os vários espaços do CCB e abrir o centro a novos públicos, à cidade e ao país", tendo em conta também a inauguração do Museu de Arte Contemporânea daquele centro cultural.

Sem especificar quando é que Nuno Vassallo e Silva entra em funções, o Ministério da Cultura esclarece que os restantes elementos do Conselho de Administração da Fundação CCB se mantêm em funções, sendo eles Madalena Reis e Delfim Sardo, vogais.

Nuno Vassallo e Silva foi diretor-adjunto do Museu Calouste Gulbenkian e, entre outras funções anteriores, foi Diretor-Geral do Património Cultural. Desde 2021 dirigia a delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em França.

Doutorado em História de Arte, foi ainda Secretário de Estado da Cultura no XX Governo, liderado por Pedro Passos Coelho.

Na nota biográfica, o Ministério da Cultura lembra ainda que Nuno Vassallo e Silva "realizou exposições sobre arte portuguesa e as relações artísticas com a Ásia no Período dos Descobrimentos", tendo recebido em 2013 o Prémio Dr. José de Figueiredo, da Academia Nacional de Belas-Artes de Lisboa.

De acordo com os estatutos da Fundação CCB, uma "instituição de direito privado e utilidade pública", o presidente é designado pela tutela da Cultura e "exerce o seu mandato por um período de três anos, renovável".

Nuno Vassallo e Silva assumirá funções quando falta ainda cumprir o projeto de ampliação do CCB, com a construção e exploração de um hotel, comércio e serviços, na área dos módulos 4 e 5 do edifício, previstos no projeto original.

Francisca Carneiro Fernandes, que presidiu a Performart, foi diretora executiva de Novos Projetos da empresa municipal do Porto Ágora e esteve à frente do Teatro Nacional São João, no Porto, antes de assumir a presidência da Fundação CCB.

O estatuto do gestor público prevê a "demissão por mera conveniência", por decisão da tutela. De acordo com este estatuto, o gestor público apenas "tem direito a uma indemnização desde que conte, pelo menos, 12 meses seguidos de exercício de funções".