Em causa está a Norma de Orientação Profissional da Ordem dos Nutricionistas, que está em consulta pública até segunda-feira, data limite para receber contributos.
Filipa Cortez, nutricionista e coordenadora de uma equipa de 200 nutricionistas que exercem atividade em farmácias comunitárias, considera que os requisitos desta norma são demasiado exigentes e acredita que a maioria dos nutricionistas deixará de exercer nas farmácias, onde têm obtido “resultados muito bons”, nomeadamente no combate ao excesso de peso.
“São exigidas infraestruturas e equipamentos que as farmácias não têm atualmente, como a dimensão de gabinetes (sete metros quadrados)”, disse Filipa Cortez, recordando que muitas das farmácias já existem há muito tempo e não têm estas dimensões.
Também os equipamentos que têm de estar disponíveis, como um estadiómetro, que avalia a estrutura ou altura, apenas são exigidos para as farmácias, o mesmo não acontecendo para os centros de saúde ou hospitais, prosseguiu.
“Parece-nos exagerado. Só as farmácias com instalações recentes e modernas é que conseguirão corresponder às exigências”, afirmou a nutricionista
Por outro lado, a norma não permite o uso de suplementos alimentares nem substitutos de refeição, o que “retira aos nutricionistas a liberdade de escolha dos melhores mecanismos para cada atuação”.
Filipa Cortez acredita que, em virtude da incapacidade de cumprimento desta norma, cerca de 350 nutricionistas (10% dos profissionais em Portugal) que exercem nas farmácias vão ficar sem trabalho.
“É voltar dez anos atrás, apesar dos ótimos resultados que temos obtido, nomeadamente no combate à obesidade”, disse.
Segundo Filipa Cortez, os nutricionistas realizaram mais de 400 mil consultas nas farmácias comunitárias, em 2017.
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