Joe Biden está em Varsóvia depois de uma visita surpresa a Kiev. No encontro com o presidente da Polónia, Biden promete reforço das forças da NATO no país.

“Somos grandes aliados”, foram as primeiras palavras do discurso do presidente Biden, que relembra a última visita à Polónia, há um ano, e os dias que antecederam a invasão da Ucrânia naquela que é "a maior agressão na Europa desde a Segunda Guerra Mundial", disse o presidente norte-americano perante uma plateia cheia de cidadãos polacos e membros do governo montada em frente ao Castelo Real, na capital polaca.

“A Europa está, os EUA e a NATO estão a ser postos à prova. Se dúvidas haviam, se o Ocidente se mantinha unido, essas dúvidas foram desfeitas. Vamo-nos erguer pela democracia. Um ano depois, erguemo-nos pela liberdade, pela Ucrânia que se quer manter livre", disse.

"Quando o presidente Putin enviou os seus tanques à Ucrânia achava que a Ucrânia se ia render e isso não aconteceu. Ele pensava que a NATO se ia dividir, mas isso não aconteceu, e deu-se o contrário, agora temos a Finlândia e a Suécia connosco", ressalvou.

"Putin não esperava a coragem de Zelensky. A democracia mundial está mais forte e não mais fraca. Quem está connosco, sabe melhor o que é estar ao lado da Ucrânia", disse o presidente virando-se para Putin.

“A fome dos autocratas não pode ser saciada, temos de nos opor a ela. Os autocratas só conhecem uma palavra: não. Não vão retirar a liberdade, nem o futuro. A brutalidade não derrubará o mundo livre”, disse fazendo também referência ao grupo mercenário Wagner que está a cometer atrocidades em território ucraniano.

Biden lembra as crianças e todas as pessoas inocentes que sofrem com o conflito, acrescentando que “um ditador nunca poderá acabar com o amor do povo pela liberdade”, e que as nações de todo o mundo não aceitarão “um mundo governado pelo medo e pela força”.

“Um ano depois da guerra, a Ucrânia continua livre”, enfatiza o presidente norte-americano ao assegurar que "o Ocidente não vai atacar a Rússia", como afirmou Putin esta manhã no seu discurso à nação russa.

“Falo uma vez mais para o povo russo. Os Estados Unidos e as nações da Europa não tentam controlar ou destruir a Rússia. O Ocidente não está a conspirar para atacar a Rússia, como disse hoje Putin”, esclareceu Joe Biden.

"Esta guerra é escolha de Putin e ele a pode acabar com uma só palavra. Se a Ucrânia não tivesse o nosso apoio teria desaparecido e por isso vamos continuar a apoiá-los. Munições e tanques devem ser enviados à Ucrânia”, vincou Biden, lembrando que “a Polónia é o país que mais refugiados ucranianos recebeu".

“Putin lançou a crise alimentar no mundo, vejam o que tentou fazer no mar negro", recordou o presidente fazendo referência à crise alimentar pela falta de cereais. "Interrompeu a distribuição de cereais", disse afirmando que a sua mulher está em África e pôde constatar essa "crise alimentar originada pela Rússia".

"Lembro aqui dos heróis que perderam a vida por amor à Ucrânia. Os cidadãos e os trabalhadores, os médicos e os técnicos que lutam para manter-se quentes, para manterem a eletricidade e prestam assistência. Os EUA agradecem-vos a todos”, continuou Biden perante a plateia.

O Presidente dos Estados Unidos condenou a “brutalidade” de Moscovo, que cometeu “crimes contra a Humanidade, sem vergonha nem escrúpulos”: “atacaram civis com morte e destruição, usaram a violação como arma de guerra”, disse.

“Garanto-vos que os responsáveis por estas atrocidades vão ser responsabilizados. A Ucrânia continua a defender-se da Rússia. Os EUA e os aliados vão continuar a apoiar incondicionalmente os ucranianos. Juntos vamos celebrar os 75 anos da maior aliança militar do mundo, a NATO”, referiu o presidente dos EUA, que momentos antes do discurso, descreveu a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) como sendo, “provavelmente, a aliança mais importante da História”. 

Biden sublinhou ainda "a força da Aliança", apesar das "esperanças" do presidente russo, Vladimir Putin, de que a "organização se desmoronasse" com a guerra na Ucrânia e lembrou a todo o mundo que “o artigo 5.º da NATO é sólido e a Rússia sabe disso. O ataque a um membro-aliado, é um ataque a todos”, enfatiza Joe Biden.

Biden lembrou ainda a importância de "respeitar a dignidade de uns pelos outros para construirmos um mundo melhor" e avisou que "as decisões dos próximos cinco anos vão decidir o futuro do mundo. A escolha entre esperança e medo, entre a guerra e a paz, entre a democracia e a ditadura. Liberdade, não há maior aspiração do que a liberdade. Esse é o valor que tem de se lutar. Fiquem connosco, e nós estaremos com vocês”, prometeu Biden.

O chefe de Estado norte-americano defendeu ainda – na abertura de uma reunião com o Presidente polaco, Andrzej Duda, no âmbito de uma série de consultas com aliados para se preparar para uma fase mais complicada da guerra na Ucrânia – que ter segurança na Europa é imprescindível.

Momentos antes do discurso de Biden, o presidente da Polónia agradeceu o apoio dos EUA e garantiu que a Ucrânia vai vencer e que estão do seu “lado como irmãos”.

“Esta é a missão da NATO, defender o mundo livre. Não há liberdade sem solidariedade”, enfatizou Andrzej Duda.

Na quarta-feira, o presidente norte-americano vai reunir-se com os chefes de Estado e de governo dos países que estão mais próximos e que fazem fronteira com a Rússia e compõem o flanco leste da NATO. Esta é a segunda visita de Biden à Polónia nos últimos 12 meses.