“A prevenção da diabetes tipo 2 é possível combatendo o excesso de peso, promovendo a atividade física e uma alimentação adequada, mas as pessoas precisam de ter motivação para poder mudar os seus hábitos. A maior parte das pessoas tem alguma noção do que é a alimentação saudável e dos benefícios da atividade física, mas temos de facilitar a mudança dos comportamentos. Nós, profissionais de saúde nesta área, ainda repetimos muito a informação, mas se queremos prevenir temos mesmo de conseguir identificar as barreiras que as pessoas sentem e que as impedem de mudar de comportamento”, explica João Raposo, Presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, médico endocrinologista.

Este ano, no âmbito do Dia Mundial da Diabetes, o enfoque está no trabalho desempenhado pelos enfermeiros e do papel importante que têm as equipas multidisciplinares. “Não há, em Portugal, uma especialização na diabetes ao nível da enfermagem. Não há um reconhecimento de especialização de enfermagem no que toca à diabetes, aliás, no que respeita as doenças crónicas. Nos EUA existem educadores em diabetes. Os nossos enfermeiros acumulam essa função e muitos diferenciam-se nesta área, adquirem experiência e competências e depois mudam de serviço”, acrescenta este médico endocrinologista.

Uma consulta de diabetes dura cerca de 15 minutos. É preciso criatividade, persistência e treino.  A comunicação eficaz é essencial para que os pacientes entendam como podem viver com a diabetes no dia a dia. “A diabetes ainda está muito associada aos comportamentos individuais e os doentes assumem uma culpa individual, solitária. Na verdade, a sociedade deveria assumir essa consciência. Como cidadãos devemos ser exigentes para mitigar o risco, para prevenir a doença”.

No contexto da pandemia, importa sublinhar que as pessoas com diabetes têm seis vezes mais risco de ser hospitalizadas por Covid-19, e 12 vezes mais probabilidade de morrer. Uma estratégia eficaz de comunicação é crucial. “Esta é a realidade no caso da diabetes e de outras doenças crónicas. O risco de ser infetado é semelhante ao de outras pessoas, mas as complicações depois da infeção são muito grandes”, afirma João Raposo. Para tal, a Sociedade Portuguesa de Diabetologia, uma sociedade científica que engloba profissionais das áreas que lidam com diabetes, sublinha a importância de “não desleixar nas medidas que são recomendadas”.