Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt

Em Portugal, a predominância dos ovos castanhos nas prateleiras não resulta de uma superioridade nacional, mas de uma preferência cultural que se enraizou ao longo de décadas. Segundo a nutricionista Lillian Barros, muitos consumidores associaram, de forma equivocada, os ovos castanhos a opções mais autêntica ou de produção mais artesanal. Para corresponder à procura, os produtores passaram a privilegiar raças de galinhas que, por genética, põem ovos castanhos. Porém, esta escolha estética não tem qualquer tradução científica.

A cor da casca, sublinha Lillian Barros, depende exclusivamente da raça da galinha. Galinhas de plumagem branca põem ovos brancos e galinhas vermelhas ou castanhas produzem ovos castanhos. Nada na cor revela se o animal é mais saudável, se vive em melhores condições ou se tem uma alimentação de maior qualidade. “Uma galinha saudável pode pôr tanto ovos brancos como castanhos”, reforça a nutricionista ao 24notícias.

Se há algo no ovo que realmente muda consoante a alimentação da galinha, não é a casca, mas sim a gema. A nutrição do animal, quando rica em carotenoides (pigmentos que dão as cores amarela, laranja e vermelha a frutas, vegetais e algas) presentes no milho, cenoura, couve, lucerna ou flores como a calêndula resulta em gemas mais intensas, de tonalidades mais alaranjadas. No entanto, Lillian Barros esclarece que uma gema mais escura não significa, por si só, maior valor nutricional; apenas indica dietas com mais pigmentos.

A alimentação da galinha influencia também o sabor, o perfil nutricional, como um teor mais elevado de ómega-3 quando há consumo de linhaça ou ervas específicas, e até a qualidade da clara e da casca. Já o tamanho do ovo, um critério frequentemente mal interpretado, não é sinónimo de maior riqueza nutricional por grama . Ovos muito grandes tendem a ter cascas mais frágeis e maior probabilidade de microfissuras, apesar do maior volume.

Quando o assunto é frescura, o consumidor deve esquecer a cor da casca e focar-se em indicadores objetivos. Lillian Barros recomenda três métodos simples como verificar a data na embalagem, realizar o teste da água, onde os ovos frescos afundam, e observar a clara e a gema após partir o ovo. Gemas firmes e elevadas e claras densas são sinais inequívocos de frescura.

Também os sistemas de criação são frequentemente associados, de forma incorreta, à cor da casca. Ovos de galinha criadas ao ar livre podem apresentar diferenças nutricionais devido à maior variedade alimentar e melhores condições de bem-estar animal, mas isso nada tem que ver com serem castanhos ou brancos. O bem-estar influencia a qualidade; a cor, não.

No fim de contas, conclui a nutricionista, o mito cai por terra já que a cor da casca é apenas genética e não diz nada sobre a qualidade do ovo. O que realmente importa é a frescura, a alimentação da galinha e as condições de produção, e não o tom que vemos à superfície.

*Artigo editado por Alexandra Antunes

___

A sua newsletter de sempre, agora ainda mais útil

Com o lançamento da nova marca de informação 24notícias, estamos a mudar a plataforma de newsletters, aproveitando para reforçar a informação que os leitores mais valorizam: a que lhes é útil, ajuda a tomar decisões e a entender o mundo.

Assine a nova newsletter do 24notícias aqui.