"Meus amigos, os portuenses nunca desiludem e o partido que uma vez mais ganhou foi o Porto, porque é e continuará a ser forte, independente, com caráter granítico e que nunca esquece o caráter determinante que sempre assumiu na história de Portugal", começou Rui Moreira por dizer no seu discurso de vitória.
Sublinhando a "amabilidade" que Vladimiro Feliz (PSD) e Tiago Barbosa Ribeiro (PS) tiveram em ligar para felicitá-lo pela vitória, o autarca do Porto, agora uma vez mais reeleito, anunciou "um resultado que assegura a governação da nossa cidade pelo Grupo de Cidadãos Eleitores Rui Moreira - Aqui Há Porto", apesar de ainda não se saber o resultado final.
"Não obstante a enorme abstenção, saberemos interpretar a vontade dos portuenses, ouvindo e envolvendo todos os eleitos", disse.
Numa defesa dos movimentos independentes, Rui Moreira disse que este tipo de iniciativa "não pode continuar diluído e submetido ao taticismo carreirista de muitos dirigentes partidários".
Felicitando os seus seis vereadores eleitos — número ainda projetado e não oficial —, Rui Moreira disse que juntos vão "continuar a trabalhar pelo reforço da qualidade de vida daqueles que aqui vivem, trabalham, estudam ou a visitam. O nosso projeto de cidade foi ratificado e nós nunca, mas nunca, esquerecemos o nosso compromisso".
Depois de agradecer aos vários elementos que fizeram parte da sua candidatura, terminou o discurso com um "aqui há Porto, hoje e sempre".
Já no que toca às perguntas dos jornalistas, Moreira assumiu ter atingido o principal objetivo, de ganhar as eleições, "com uma margem relativamente ao segundo classificado que nunca tivemos".
No entanto, querendo ter a maioria no executivo municipal, tal dado ainda não era sabido àquela hora. "Não é fácil, porque ainda agora falei com o Tiago Barbosa Ribeiro e eles também não sabem, ninguém sabe. É um pouco estranho, eu quis falar convosco e está aqui uma data de pessoas, estão os jornalistas e não parece bem nós ficarmos à espera de que o ministério da Administração Interna resolva apresentar os resultados. Está por uma unha negra, pronto".
Quanto à possibilidade de assumir um acordo pós-eleitoral com o PS, como fez em 2013, já que é possível que não vá ter maioria, Moreira deixa tudo em aberto. "Podemos fazer muitas coisas: pode-se governar em minoria; como nós governamos em minoria durante a última fase de 2017 — estivemos seis meses, sensivelmente, a governar em minoria e conseguimos governar; se houver entendimentos com partidos, pode haver".
No entanto, não só não é certa a coligação, como ainda não decidiu qual o parceiro ideal. "Para já, vamos esperar os resultados: se eu tiver maioria absoluta no executivo, essa situação não se coloca; depois, aquilo que temos de avaliar é se valerá a pena tentarmos governar sozinhos, ou se haverá condições para chegar a acordo com alguma das forças políticas — não sei dizer".
Sublinhando que o seu movimento saberá interpretar a vontade do Porto, como “sempre” fez, não obstante “a enorme abstenção”, Moreira, que foi hoje reeleito para um terceiro e último mandato, garantiu, contudo, que os resultados asseguram a governação da cidade e acrescentou que, para além de ter vencido nas cinco juntas a que se candidatou, teve um resultado histórico em Campanhã, onde apoiou o candidato socialista e atual presidente da Junta.
“É importante ter obtido um resultado histórico. Para o executivo municipal, nós ganhamos Campanhã”, afirmou.
Numa noite onde aclamou vitória, Moreira deixou, contudo, críticas ao taticismo dos partidos.
“Tenho plena convicção de que este projeto político independente que tenho a honra de liderar, a par com as centenas de candidatos independentes de todo o país que hoje foram a votos, não pode continuar diluído e submetido ao interesse e ao taticismo carreirista de muitos dirigentes partidários”, disse.
Para o bem da democracia, o autarca considera ser “urgente” promover a federação dos milhares de cidadãos que hoje votaram em todo o país em candidatos independentes”.
Perante a possibilidade de perder a maioria no executivo e questionado sobre se devia ter aceitado o apoio do PSD, o independente deixou claro que venceu as eleições.
“Não, de forma alguma: eu ganhei as eleições. Ouça, a situação é muito simples, eu nunca tive, durante estes oito anos, uma maioria. No primeiro mandato não tinha maioria no executivo — encontrou-se uma forma de governação —, nem tinha maioria na assembleia municipal. No segundo mandato, tivemos maioria no executivo; não tivemos na assembleia municipal. Não tivemos nesse tempo de fazer acordos — no último mandato, não fizemos nenhum acordo”, observou.
Sublinhando que irá governar “com a representatividade” que os eleitores deram ao seu Movimento, Rui Moreira deixou para uma pergunta aos partidos, defendendo é que a eles que cabe responder.
“Independentemente daquilo que foi dito na campanha eleitoral, eu tenho a certeza de uma coisa: a pergunta agora é ao contrário, é perguntar se eu porventura — e na assembleia municipal de certeza que não terei a maioria — é perguntar aos outros partidos políticos, aos partidos políticos que estão representados na assembleia, se eles estão lá a bem dos portuenses, para apostarmos em projetos conjuntos, naturalmente sempre em diálogo — ou se estão lá para obstruir”, rematou.
O autarca salientou ainda que a vitória desta noite “foi uma vitória clara” e acrescentou que o seu movimento ganhou uma margem que “nunca tiveram relativamente ao segundo classificado”.
Questionado sobre o caso Selminho, Moreira salientou que “ao contrário” do que disseram, as pessoas confiaram em si.
As projeções divulgadas pelas televisões às 21:00 apontavam para a reeleição de Rui Moreira com intervalo entre os 39% e os 45%, garantido a eleição entre seis e oito mandatos.
Nas autárquicas de 2017, o autarca Rui Moreira foi reeleito para o cargo, com maioria absoluta, tendo conquistado 44,46% dos votos e alcançado sete mandatos, contra seis da oposição: quatro do PS, um do PSD/PPM e um da CDU.
Em 2013, quando foi eleito pela primeira vez, o independente conseguiu conquistar 39,25% dos votos e seis vereadores, contra três do PS, três do PSD/PPM e um da CDU.
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