"Estamos numa época em que o perigo de violação da paz nunca foi tão agudo", realçou à agência Lusa o catedrático, especialista em Ciência Política e Relações Internacionais, à margem do lançamento do livro "As forças Armadas Portuguesas. A complexidade dos desafios e a condição militar", do Grupo de Reflexão Estratégica Independente (GREI), no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
Segundo Adriano Moreira, a ameaça à paz vem, "em primeiro lugar, da desorganização do governo do continente americano, de alto a baixo", mas também "da saída da Inglaterra da Europa, que leva com ela o maior exército e a maior esquadra, das pretensões da Rússia, do comportamento da Turquia" e, sobretudo, daquilo a que chama de "cascata atómica".
"Tudo isto faz com que haja - como consta do subtítulo do livro - a complexidade dos desafios e a condição militar", acrescentou o antigo ministro do Ultramar durante o Estado Novo, considerando que "estes factos exigem uma atenção extraordinária".
Questionado como pode reagir Portugal face a estes acontecimentos, o antigo presidente do CDS vincou que o país deve aproveitar o facto de António Guterres ser o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Portugal tem uma coisa. Neste momento, quem tem melhor posição é o secretário-geral das Nações Unidas. É Portugal saber que o poder da voz é capaz de vencer a voz do poder", lançou, assinalando que "há um grande papel das organizações internacionais" para manter o equilíbrio geopolítico a nível global.
Sobre o furto de material de guerra de Tancos, Adriano Moreira mostrou-se cauteloso, dizendo que só depois de serem conhecidos os resultados dos inquéritos vai ser possível tirar consequências.
"A responsabilidade política está assumida pelo simples facto de a pessoa ser ministro. Não passo desta afirmação. É a própria lei que a define: é ministro, tem responsabilidade política. Quanto às consequências, tem que se esperar pelos inquéritos. Sem conhecer os inquéritos, eu não digo nem uma palavra", sublinhou.
A 01 de julho, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, assumiu a "responsabilidade política" relativamente ao furto de material de guerra em Tancos pelo "simples facto de estar em funções".
O furto de material de guerra nos Paióis Nacionais de Tancos, Vila Nova da Barquinha, Santarém, foi divulgado pelo Exército no dia 29 de junho.
Granadas de mão, granadas foguete anticarro, de gás lacrimogéneo e explosivos estavam entre o material de guerra furtado.
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