Dezenas de pessoas marcharam esta segunda-feira pacificamente, algumas a segurar cartazes onde se podia ler "Black Lives Matter" [vidas negras importam], pelas ruas centrais da cidade de St. Louis. Desde sexta-feira que os norte-americanos protestam contra a absolvição do ex-oficial de polícia Jason Stockley.
A cidade está em tensão. No sábado à noite, aquilo que começou como uma manifestação pacífica acabou com montras destruídas e pelo menos nove pessoas detidas. Na noite anterior as autoridades fizeram cerca de 30 detenções. Segundo a polícia, pelo menos 80 pessoas foram detidas desde a divulgação do veredicto, e vários agentes das forças de segurança ficaram feridos nos confrontos com manifestantes.
"Os dias estão a ser tranquilos mas as noites devastadoras", assumiu a autarca Lyda Krewson em conferência de imprensa.
A indignação começou depois de um juiz de St. Louis absolver o ex-polícia Jason Stockley das acusações de assassinato de Anthony Lamar Smith, suposto traficante de drogas que morreu na sequência de uma perseguição policial em 2011.
O juiz considerou que a acusação não conseguiu provar, sem deixar qualquer dúvida, que o polícia não agiu em legítima defesa.
Stockley garantiu ter visto Lamar Smith a tentar pegar numa arma no seu carro. No entanto, a arma não aparece nas imagens da câmara instalada na viatura, nas que foram feitas pelo telemóvel de uma testemunha, ou sequer nas câmaras de vigilância de um restaurante próximo.
St. Louis, com uma história de tensões entre a polícia e as comunidades negras, foi o centro nacional do difícil tema racial nos Estados Unidos depois do assassinato de Michael Brown, em Ferguson, no estado de Missouri, por um polícia em 2014.
A morte do jovem de 18 anos em agosto gerou uma onda de indignação nos Estados Unidos e trouxe a ação das forças de segurança em relação a suspeitos negros para o debate público.
Apesar das enormes manifestações, o agente envolvido não foi acusado.
"Porque Wilson não agiu com intenção criminosa, não pode ser provado, sem margem para dúvida, perante um júri, que violou [os direitos civis de Brown] quando disparou a sua arma contra Brown", indica o relatório oficial do departamento de Justiça norte-americano.
No entanto, o caso levou o Departamento de Justiça, na época sob o governo de Barack Obama, a investigar o departamento de polícia de St. Louis, onde se encontrou um padrão de violações dos direitos humanos.
A tensão dos últimos dias em St. louis levaram a banda de rock irlandesa U2 a cancelar o concerto marcado para sábado à noite, depois de ter sido informada de que a polícia não teria meios para garantir a segurança para esse tipo de evento. No dia seguinte, o espetáculo do cantor britânico Ed Sheeran foi cancelado pelas mesmas razões, anunciou o organizador Messing Touring Group.
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