“Sentimos em todo o processo, em toda a campanha, (…) que o povo está cansado. Cansado e quer mudança”, disse Xanana Gusmão em declarações aos jornalistas na primeira reação aos resultados finais provisórios.
“Quer mudança em temos de reafirmar e consolidar o processo de construção do Estado. Orgulhávamo-nos de ser um país que já estava a sair da fragilidade para a resiliência. E, de repente, voltou tudo para trás”, afirmou.
Xanana Gusmão falava na sede do CNRT, em Díli, na sua primeira reação pública depois da finalização da contagem dos votos pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), que confirmam a sua vitória ampla nas legislativas de domingo.
Sem querer confirmar se vai ser primeiro-ministro, se haverá alianças com outras forças políticas ou se haverá elementos de outros partidos no executivo — até a votação ser certificada pelo Tribunal de Recurso — Xanana Gusmão disse que o próximo Governo vai ser de “consolidação do Estado e das instituições”.
Questionado sobre se a derrota da Fretilin, que registou o seu pior resultado de sempre, pode implicar o fim da atual liderança, Xanana Gusmão ironizou: “temos tantos problemas com essa gente toda aqui, que nem sequer tenho tempo para pensar naquilo fora da casa”.
O líder timorense deixou uma mensagem de agradecimento à maturidade e comportamento de toda a população, considerando o mais importante do voto o facto de todo o processo decorrer em tranquilidade e sem problemas entre os partidos.
“Aprecio muito a consciência popular em prol da paz e estabilidade. Durante a campanha, todos, muitos jovens que começam a assumir na cabeça e no coração que a violência não tem lugar em Timor-Leste”, afirmou.
“Tudo correu de forma pacífica, em calma, durante a votação e a contagem. Não houve problemas em lado nenhum. Isso é que é importante. Festa da democracia é isso, ir votar, com respeito mútuo, com respeito uns aos outros e, no fim, não há problemas”, disse.
O CNRT obteve no domingo a sua maior vitória de sempre, conseguindo 41,62% dos votos, com vitórias em 10 dos 13 municípios do país, na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e em toda a diáspora.
A vitória mais ampla registou-se no município de Ermera, onde obteve 51,05% dos votos, com o partido a obter sozinho mais votos que os três partidos do atual Governo juntos, mas sem maioria absoluta.
Ainda assim, garantiu 31 dos 65 lugares do parlamento, mais dez dos que detém atualmente.
“Sim, estou contente. Poderia estar mais contente se o resultado fosse maior. Mas é suficiente em termos de que sabemos que vamos trabalhar. Contente, porque vamos responder às preocupações, ansiedades, sonhos e aspirações da população”, disse.
A contagem final provisória do STAE, que terá de ser verificada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pelo Tribunal de Recurso, dá ao partido de Xanana Gusmão 288.101 votos (41,62%), um resultado superior ao obtido pelas três forças políticas que compõem o atual Governo.
Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), com 178.248 votos (25,75%), o pior resultado de sempre do partido em termos percentuais, perdendo quatro dos atuais 23 lugares.
O novo parlamento vai integrar ainda seis deputados do Partido Democrático (PD), mais um que na atualidade, cinco do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que mantém o mesmo número de lugares, e quatro do Partido Libertação Popular (PLP), do atual primeiro-ministro, que perde metade da representação.
A contagem dos votos vai agora ser validada pela CNE, antes de os resultados serem certificados pelo Tribunal de Recurso e da posse dos novos 65 membros do Parlamento Nacional timorense.
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