Após duas semanas de “trabalho árduo” entre Câmara de Lisboa (CML), a Fundação JMJ, a Mota-Engil e a empresa municipal SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, sem a participação do Governo, foram apresentadas as conclusões da reavaliação do projeto para os palcos da Jornada Mundial da Juventude.

Afinal, qual vai ser o custo do altar-palco no Parque Tejo-Trancão? 

O custo do altar-palco da JMJ em Lisboa foi reduzido de 4,2 milhões para 2,9 milhões de euros, anunciou hoje o município.

Com isto, a infraestrutura vai passar de 5.000 metros quadrados para 3.250, enquanto a sua capacidade foi alterada de 2.000 para 1.240 pessoas e a altura foi reduzida de nove para quatro metros.

Carlos Moedas, presidente da CML, explicou que a principal alteração consiste na retirada de todo um andar na infraestrutura inicialmente projetada, com “uma redução muito grande na área, o que leva à redução do preço”.

O palco estava entregue à Mota-Engil, com contrato assinado. Vai haver alguma indemnização à empresa?

O presidente da Câmara de Lisboa assegurou que foi “sem pedir qualquer indemnização” que a empresa contratada para a construção do altar-palco aceitou a alteração do projeto.

“Só temos a agradecer ao empreiteiro, porque fez aqui um esforço enorme e, portanto, o nosso agradecimento é total, porque não houve qualquer tipo de pagamento ou de compensação por estarmos a mudar o projeto”, afirmou Carlos Moedas.

Assim, acentuou, o processo de reavaliação das obras necessárias para acolher o evento contou com “uma compreensão excecional” por parte da empresa Mota-Engil.

Qual a situação do palco no Parque Eduardo VII?

O autarca anunciou ainda que a Fundação JMJ Lisboa 2023 vai financiar o palco que será instalado no Parque Eduardo VII, uma “estrutura muito leve” cujo custo “poderá ascender aos 450 mil euros”.

Além disso, Moedas sublinhou que os valores anteriormente indicados para este palco, na comunicação social, não tinham fundamento, “porque não havia projeto fechado”.

Sobre este palco, D. Américo Aguiar sublinhou a importância “da presença dos jovens” no Parque Eduardo VII, quer pela vivência da cidade, quer porque seria complicado ter mais de um milhão de jovens durante uma semana apenas no Parque Tejo-Trancão.

Feitas as contas, quanto é que se poupa com esta alteração de valor no altar-palco?

“Temos uma redução de custos para o erário público de 1,7 milhões de euros”, disse o presidente da CML, afirmando que a revisão do investimento permite manter “a dignidade e a segurança de que o evento necessita e merece”.

Qual o investimento além dos palcos? E o que fica para o futuro?

Quanto ao investimento global da autarquia associado ao evento, de até 35 milhões de euros, Carlos Moedas afirmou que uma grande parte será aplicada em intervenções que permanecerão para usufruto dos lisboetas e visitantes.

“Até 25 milhões de euros ficarão na nossa cidade”, apontou, concluindo que há um “investimento líquido no evento de 10 milhões de euros”. Em causa estão custos “justificáveis”, que “trarão um retorno para a cidade que vai muito para além do retorno financeiro”.

Assim, o investimento total de 35 milhões de euros por parte do município de Lisboa para a JMJ, prevê-se 20,2 milhões para o Parque Tejo, em que se inclui o altar-palco (2,9 milhões após redução de 30% do preço inicial de 4,2 milhões), assim como a realização de estudos, projetos e fiscalização (1,6 milhões), a reabilitação do aterro de Beirolas (7,1 milhões), ensaios e fundações (1,06 milhões), infraestruturas e equipamentos (3,3 milhões) e a ponte pedonal Rio Trancão (4,2 milhões).

Outros dos investimentos previstos é no Parque Eduardo VII, onde a Câmara conta gastar um total de 3,4 milhões de euros, inclusive para instalações sanitárias, écrans, som, luz, estruturas e vigilância, sendo que o custo deste palco será financiado pela Fundação JMJ.

O município de Lisboa é ainda responsável, entre outros, pela criação de algumas infraestruturas básicas, nomeadamente água, eletricidade e rede móvel, bem como de uma ponte pedonal (EMEL), e por assumir metade do custo da colocação de uma ponte militar, que ligará as margens do Trancão.

A Câmara estima também investir em outros três espaços da cidade, nomeadamente, Terreiro do Paço, Alameda Dom Afonso Henriques e Belavista, num total de dois milhões de euros.

Há ainda custos transversais a assumir pelo município, no valor total de 7,7 milhões de euros, dos quais 6,6 milhões serão para reforçar os meios do Regimento de Sapadores Bombeiros, da Proteção Civil, da Polícia Municipal e 1,1 milhões para intervenções necessárias.

Fala-se no retorno do evento. Já há números?

Segundo o presidente da CML, os custos com a JMJ "trarão um retorno para a cidade que vai muito além do retorno financeiro".

"Podemos fazer as contas que quisermos, mas vamos ter um retorno extraordinário para a nossa cidade ao sermos o centro do mundo, da paz, da tolerância durante aqueles dias", frisou.

O autarca reforçou que é preciso “relativizar” os valores associados à organização da JMJ, considerando a dimensão do evento e o retorno que deixará na cidade: “Não chamaria custos, chamaria investimento”.

“Os números serão calculados no futuro, mas há números muito simples de pensarmos. Se pensarmos que temos um milhão de jovens, talvez um milhão e meio, mas podemos fazer o mínimo dos mínimos, que esse um milhão de jovens estariam em Lisboa durante uma semana e que gastariam pelo menos 100 euros – mas gastarão muito mais -, são 100 milhões de euros de retorno mínimo. Se esses jovens gastarem 200 euros durante essa semana, são 200 milhões, e, se for um milhão e meio de jovens, ainda será mais”, apontou.

De recordar também que, em janeiro, o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar disse que foi formalizado nesse mês um protocolo com o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa, para contabilizar o retorno da Jornada.

Já se sabe quantas pessoas vão participar na JMJ? 

O processo de inscrição ainda está a decorrer, mas sabe-se já que as pré-inscrições estão quase nos 500 mil peregrinos.

"De acordo com a lista das Nações Unidas, acho que nos faltam 14 ou 15 nacionalidades", apontou D. Américo Aguiar esta manhã. "Digam-me se isto não é bonito e maravilhoso para a cidade e para o país", reforçou.

Ao SAPO24, a organização da Jornada Mundial da Juventude adiantou que, "da Europa, destaca-se a maior mobilização de jovens provenientes de Portugal e Espanha, seguidos de França, Itália e Polónia".

Por sua vez, "no continente Americano, os países com maior representatividade são os Estados Unidos da América, o Brasil, o México e Argentina. Também de referir a presença do Panamá".

Já "no continente Africano, continuamos a realçar a inscrição de jovens proveniente de países como Moçambique, Angola e Guiné-Bissau, que historicamente têm uma maior ligação a Portugal", explica a organização.

*Com Lusa