Morreu Diogo Freitas do Amaral. Fundador do CDS-PP, foi primeiro-ministro interino, ministro em governos à esquerda e à direita, presidente da Assembleia-Geral da ONU. Freitas do Amaral foi quase tudo na política portuguesa menos aquilo que mais ambicionou: chegar ao topo da hierarquia da nação.
A morte de Freitas do Amaral marcou o penúltimo dia de campanha para as legislativas de domingo, com os democratas-cristãos a não cancelar, mas adaptar a agenda.
Toda principais candidatos reagiram à notícia, marcando de algum modo a forma como as respetivas campanhas se fizeram esta quinta-feira.
O PSD cancelou mesmo o comício de encerramento marcado para esta sexta-feira em Lisboa.
Já António Costa divulgou uma nota na qualidade de primeiro-ministro, recordando Freitas do Amaral como um dos fundadores do regime democrático português, "ilustre académico e distinto estadista", e comunicou que o Governo vai decretar luto nacional este sábado.
A título pessoal, o secretário-geral do PS referiu que aprendeu muito com "o seu saber jurídico, a sua experiência e lucidez política e o seu elevado sentido de Estado e cultura democrática", quando foram colegas de Governo.
A presidente do CDS-PP recebeu igualmente a notícia durante um almoço de campanha, em Barcelos, Braga, e pediu aos militantes que cumprissem um minuto de silêncio. Assunção Cristas elogiou "a coragem" de Freitas do Amaral no período pós-25 de Abril e agradeceu o seu papel na fundação do partido.
Num breve discurso, Cristas anunciou que, embora sem cancelar a campanha, o partido iria adaptá-la devido à morte do seu fundador: "Não ficamos indiferentes a esta triste notícia e vamos fazer ajustamento para a poder manter, para introduzir a sobriedade que o momento exige".
Assim, o jantar-comício de hoje, no Porto, foi transformado numa homenagem "em memória" de Freitas do Amaral.
O PCP lamentou a morte, através do seu deputado António Filipe, considerando-o uma das personalidades "mais marcantes da vida política portuguesa nas ultimas décadas" e um "notável académico".
No Porto, a coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, considerou que, apesar das "tantas diferenças" de posicionamento político, foi possível uma "convergência" com Freitas do Amaral sobre questões como direitos humanos e a paz, enviando condolências à família e amigos pela sua morte.
Sábado, dia de reflexão para as legislativas, será o funeral do fundador do CDS-PP — e dia de luto nacional.
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