Bandeiras a meio haste em todo o país desde a morte de Carter, aos 100 anos, em Plains, no estado da Geórgia.

O ex-presidente deixou a sua marca na América Latina: denunciou os abusos das ditaduras militares do Cone Sul, retirou o apoio ao regime de Anastasio Somoza na Nicarágua e comprometeu-se a devolver o Canal do Panamá aos panamenhos, o que descreveria como sua "batalha política mais difícil".

Também chegou a um acordo com o regime de Fidel Castro em Cuba para reabrir as sedes diplomáticas na forma de seção de interesses.

De Plains ao Capitólio

As homenagens de Estado ao democrata começaram oficialmente na manhã deste sábado, quando agentes do Serviço Secreto, agência encarregada de proteger as figuras políticas, transportaram o caixão até ao carro fúnebre para um percurso por Plains.

Uma multidão reuniu-se nas ruas a agitar bandeiras à passagem do cortejo. A comitiva fez uma pausa na quinta de amendoim da família, onde um sino tocou 39 vezes, para homenagear o 39º chefe de Estado americano.

O cortejo seguiu posteriormente até Atlanta, para uma breve paragem e um minuto de silêncio no Capitólio da Geórgia, onde Carter foi senador local antes de se tornar governador.

De lá, o corpo do ex-presidente foi levado para o Centro Carter, fundação criada em 1982 pelo ex-presidente e a sua mulher, Rosalynn, especializada em prevenção de conflitos, defesa da democracia e questões de saúde pública.

O caixão permanecerá na fundação desde as 19h locais de hoje até as 6h de terça-feira, para permitir que a população se despeça do ex-presidente. “Vamos passar esta semana a celebrar essa vida incrível e uma vida que, acredito, todos concordamos que é tão plena e poderosa quanto qualquer vida pode ser", disse Jason, neto de Carter.

Na manhã de terça-feira, o corpo será levado para a Base Conjunta Andrews, nos arredores de Washington, numa aeronave da Força Aérea americana. Posteriormente, um cortejo transportará o caixão até ao Memorial da Marinha. Jimmy Carter formou-se na Academia Naval americana em 1946 e serviu em submarinos.

O caixão puxado por cavalos chegará ao Capitólio, sede do Congresso na capital. Será colocado na Rotunda, uma sala sob a cúpula do Capitólio, para uma cerimónia com a presença de parlamentares.

Cidadãos poderão prestar as suas homenagens das 19h à meia-noite de terça-feira e das 7h de quarta-feira às 7h de quinta-feira. Será o 13º ex-presidente a ser exibido no Capitólio. Abraham Lincoln, assassinado em 1865, foi o primeiro.

Biden e Trump no funeral

Um funeral de Estado será realizado na quinta-feira na catedral, onde os ex-presidentes Dwight D. Eisenhower, Ronald Reagan, Gerald Ford e George H.W. Bush receberam seu último adeus. Os quatro ex-presidentes americanos vivos - Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump - devem comparecer.

O atual presidente, Joe Biden, fará o discurso fúnebre. Por sua decisão, será um dia de luto nacional e os escritórios do governo federal vão permanecer fechados.

Biden também ordenou que as bandeiras estejam a meia haste durante 30 dias, como de costume, o que significa que permanecerão dessa forma durante a posse de Trump, a 20 de janeiro, o que enfureceu o presidente eleito. "Nenhum americano pode ficar feliz" por ter as bandeiras a meio haste durante a posse, disse ele na sua rede Truth Social.

Após a cerimónia religiosa, o corpo de Carter será levado para a Geórgia, onde será realizado um funeral particular na Igreja Batista de Plains, onde dava aulas de catecismo.

Um passeio final pela sua cidade natal levará os seus restos mortais ao local onde será sepultado ao lado de Rosalynn, que morreu em 2023, aos 96 anos, com quem foi casado durante 77 anos. Aviões da Marinha americana sobrevoarão a cidade em sua homenagem.