Vale a pena começar por dizer que, apesar da tentação de uma narrativa única, a discussão sobre as opções seguidas pelos vários governos são tema de discussão em vários países - não somos caso único. O que faz sentido no contexto de sociedades democráticas que discutem as suas opções para poderem também encontrar os melhores caminhos. São vários os exemplos deste debate e este artigo de Gérard Delépine e Xavier Azalbert publicado no jornal Le Soir, em França, é um deles: "O confinamento, tudo o que não vos disseram: aberração humana, sanitária, económica".

Sobre a “ciência” seguida, também há matéria de debate. Veja-se o caso do “caricatural” Sr. Niel Ferguson, que o presidente francês, Emmanuel Macron foi visitar pessoalmente. Ouviu deste “perito” da OMS a predição de que haveria nada menos do que de sete vagas sucessivas de Covid-19. O Prof. Dr Gérard Delépine, citando a peça grega “Antígona” e os conselheiros científicos da Suécia e dos Países Baixos, conclui que o confinamento que Portugal seguiu, à francesa, fez pior do que nada fazer.

Desde março que analisamos as estratégias para fazer face à designada “pandemia” da Covid-19 e fizemos desde então cinco textos onde fomos expondo uma tese segundo a qual Portugal, em lugar de seguir o “péssimo” exemplo dos países latinos (Espanha, França, Bélgica e Itália), deveria acompanhar os modelos que nos chegavam dos países germânico-nórdicos. Em alternativa, haveria ainda a opção japonesa (e dos 4 países designados como os tigres asiáticos, ou seja, desde o início: a aposta nas máscaras; no rastreamento (seguir o contágio); na generalização dos testes; e no tratamento disponível (à base da cloroquina ou moléculas equiparadas).

Nos chamados tigres asiáticos, o caso mais emblemático é o de Tawain (23 milhões de habitantes), com sete mortos por Covid-19. Podemos, ainda, comparar com o que se passou em Marselha, Hospital da Timone, o bem conhecido IHU Méditerranée-Infection, com 3. 737 pacientes tratados, e em que a taxa de mortalidade é de 0,5%, a mais baixa do mundo. Ver o estudo do Prof. Didier Raoult (o verdadeiro desmancha-prazeres do unanimismo).

Os artigos que publicámos tiveram por base a informação, já então disponível, sobre a doença:

A Covid19 é, efetivamente, uma doença com três fases bem distintas:

- Na 1ª fase, o problema é viral, sendo recomendado o mix Hidroxicloroquina/Azitromicina, a ministrar desde os primeiros sintomas (dos quais, o principal, é a perda do olfato);

- Na 2ª fase, o problema já não vem do vírus, mas da resposta imunitária (o mesmo protocolo pode ainda continuar a ser ministrado porque as duas moléculas continuam a ter uma ação de modulação da resposta imunitária, controlando o perigo associado à designada “tempestade de citoquinas”);

- Na 3ª fase, a da ventilação ou da reanimação, a qualidade do tratamento já não depende dos antivirais ou dos antibióticos, pois é a da assistência possível para acompanhar a resposta imunitária do doente.

O chefe do governo português (em tandem redundante com o PR, como parece ter acontecido, desde março) optou, expressamente, por dissociar a saúde e a economia. Desse modo, no mínimo, deveria assumir, de imediato, a responsabilidade pela destruição da imensa economia privada que se seguiria, por via de consequência. (Será que ninguém vai queixar-se do abandono governamental)?

Só três meses depois da decisão de confinamento se verifica um desencontro entre a pasta das Finanças e o Primeiro-Ministro que “descobre” não poder dispor do dinheiro do superavit que o discurso oficial dizia haver? Ou será que os portugueses irão ficar eternamente gratos pela vivência única em muitas gerações, do “milagre” (provavelmente o da “bancarrota” que se adivinha)?

Alertávamos, também, em março, que haveria círculos próximos do governo que não deixariam de aproveitar a ocasião para acusar a gestão das empresas pelo desastre económico-financeiro em curso, preparar uma vaga de estatizações e, ato contínuo, mendigar o financiamento indispensável à Europa germânico-nórdica, aquela, precisamente, que melhor sabia gerir a crise (que, desta vez, a todos atingia).

Como se coloca atualmente o problema da gestão da “pandemia”? Formulação e Desenho da Pesquisa

O mundo inteiro foi atingido pela crise sanitária, mas a forma como cada governo a geriu não foi idêntica, e esse é o problema. No nosso país, tal como fomos alertando em artigos anteriores, não foi nem está a ser adotada a melhor governação da crise. Também não foram seguidas as bases científicas dos comportamentos dos países germânico-nórdicos, que apontavam para a estratégia de imunização de grupo, tal como prevíramos em março: manter 70% em atividade e preservar 30% do contágio. Em Portugal fizemos o inverso. O preço dessa opção irá ser conhecido “dentro de momentos”. Assim, identificamos para formulação do problema dois indicadores fundamentais: o número de mortos para se aferir o bem fundado da “estratégia” de confinamento, bem como a capacidade de ir adaptando a estratégia de combate, à medida que fossem sendo apurados os dados.

Chegou o tempo de verificar se alguma coisa foi ganha com o alinhamento seguido, sobretudo quando uma parte significativa do jornalismo nacional abandonou a ideia de neutralidade ou de contraditório, não dando hipóteses a alguém que não fosse do mesmo campo - com a conivência da Academia. Como é que toda a Academia aceitou, passivamente, por exemplo, que pela primeira vez na história da humanidade a ideia de imunidade de grupo, uma das pérolas da evolução da espécie humana, tenha sido como que proscrita pela “nova” medicina? Regressámos, porventura, pela mão do unanimismo, aos tempos pré-darwinianos? Repetimos, o que se terá ganho? Desenvolvamos as hipóteses mais evidentes analisando as variáveis que emergem.

As variáveis a considerar seriam:

- os tratamentos disponíveis em março;

- o uso de meios não-farmacológicos (máscaras, rastreamento e distanciamento social);

- o aconselhamento/confinamento das pessoas mais fragilizadas.

Tudo o que devia saber-se era perfeitamente conhecido desde o início de fevereiro. As acusações de secretismo feitas à China de pouco parecem valer, em face do fornecimento do mapa genético do SARSCoV2, bem como dos tratamentos ensaiados, cuja informação foi disponibilizada atempadamente. Mas houve atraso na divulgação, continua a argumentar-se. Diga-se, a propósito, que os países que em primeiro lugar foram afetados pela proximidade ao foco, conseguiram ser, igualmente, os que melhores rácios mostram na gestão da “pandemia”: Japão, Taiwan, Singapura, Coreia do Sul e Hong Kong. Estes países não procuraram culpar ninguém.

Cinco variáveis pareciam emergir, conjugando-se em quatro hipóteses: nas três primeiras, de forma complexa e, na hipótese 4, de forma simplista. Sobretudo, as primeiras hipóteses permitiram associar economia e saúde, pela incorporação de um mecanismo de retroação positiva que reforçava, exponencialmente, a ação da variável independente (estratégia de imunização vs controlo da propagação). A última estratégia (hipótese 4), como se previa, dissocia economia e saúde, prolongando no tempo a agonia económica, e sendo inclusive obrigada a esconder a realidade da saúde no que respeita às doenças tradicionais.

Consideremos a estratégia subjacente à hipótese 1:

  • Estratégia de imunização – variável independente;
  • Utilização atempada dos tratamentos disponíveis – variável mediadora;
  • Uso de meios não-farmacológicos e, Aconselhamento/salvaguarda do contágio em favor das pessoas fragilizadas – duas variáveis moderadoras;
  • Taxa de novos contágios e, Taxa de mortalidade associada à Covid-19 – variáveis dependentes.

[Para melhor compreensão do que são estas variáveis:

- Uma variável independente é a que causa o efeito descrito. O efeito é a variável dependente.

- A variável mediadora é aquela sem a qual o efeito não é produzido.

- A variável moderadora é a que permite variar/modelar o efeito]

Vejamos o desenho da hipótese seguida pela generalidade dos países pobres e por alguns raros países ricos (Suécia, Islândia e Países Baixos):

créditos: DR

A vantagem da hipótese 1 é notória e, estranhamente, associa a generalidade dos países pobres (com falta de meios para garantir um confinamento eficaz) e alguns raros ricos (Suécia, Islândia e Países Baixos), cujas elites científicas tinham concluído pela ineficácia da dissociação entre a economia e a saúde.

A hipótese 2, ou da opção pelo confinamento moderado, é uma variante da primeira, sem alterar, verdadeiramente, o desenho da ação profilática. Corresponde às estratégias de gestão da crise seguidas pela generalidade dos países germânico-nórdicos, acompanhada, de perto, pelos países eslavos e balcânicos, bem como em alguns estados americanos dirigidos pelos Republicanos.

Vejamos o desenho desta hipótese 2, maioritária na Europa:

Hipótese 2_ confinamento
créditos: DR

A hipótese 3, que mobiliza uma estratégia de confinamento moderado com uma rigidez extrema, no que respeita ao uso obrigatório e generalizado de máscaras, de testagem de todos os casos suspeitos, de medição generalizada e sistemática da temperatura, de seguimento eletrónico dos contactos de casos suspeitos e, sobretudo, no tratamento atempado disponível, foi ignorada na Europa e seguida pelo Japão e pelos quatro Tigres Asiáticos.

O desenho é o seguinte:

Hipótese 3_confinamento
créditos: DR

A estratégia dos países que correspondente à hipótese 3 é a que melhores resultados teve em termos de mortes e de taxa de novos contágios, sem sombra de dúvidas. Sublinhe-se que o conseguiu sem ter optado, como se vê, pela estratégia da imunidade de grupo.

A opção pela hipótese 4, do confinamento rigoroso (deixou em atividade limitada as pessoas indispensáveis à sobrevivência das populações, nomeadamente as da área da saúde), foi seguida pelos países latinos e pelo Reino Unido, bem como em alguns estados americanos governados pelos Democratas (como Nova Iorque). A racionalidade desta hipótese é de difícil compreensão, porque dissocia saúde e economia, sem outro propósito que não seja o de manter estável (e a um nível baixo) o designado “planalto” da curva de infeção. Diga-se, entretanto, que parece esperar-se, indefinidamente, por novo fármaco ou uma vacina e por uma elevada “disciplina” da população. Sublinhe-se que essa pretensa vacina deveria ser eficaz, em primeiro lugar, para as pessoas que mais têm sido atingidas, ou seja, as que apresentam uma média de idade de cerca de 80 a 83 anos, com co-morbilidades.

A hipótese 4 assenta sobre a estratégia que subjaz a este último grupo de países e apresenta-se da forma seguinte:

A opção pela hipótese 4, do confinamento estrito, o qual passa de variável moderadora a variável independente, apresenta, ao contrário das três anteriores, a “vantagem” de ser simples de implementar, bastando, para o efeito jogar com a potenciação do medo. Deixa cair, porém, o efeito da retroação positiva e, sobretudo, maximiza a dissociação da saúde e da economia, ampliada pelo retardamento da retoma.

Como fomos sublinhando, nesta estratégia de confinamento pelo medo confluíram as posições das autoridades, dos media tradicionais e da Academia, salvo raríssimas exceções. Sentimos o alinhamento, desta, como verdadeiramente deprimente, calando o facto de que, de maneira nenhuma, foi seguida a melhor ciência. Ou a epistemologia de K. Popper ou de Thomas Khun, muito menos de Paul Feyerabend, deixaram há muito de ser ensinadas/praticadas.

O propósito da variável independente, nas três primeiras hipóteses, é sempre claramente definido: imunização de grupo ou controlo estrito do contágio, deixando a economia a funcionar dentro do possível. Na quarta hipótese, não parece haver um propósito claro: nem imunidade de grupo, nem meios para controlar eficazmente o “contágio”. Defender o confinamento, na era da revolução digital, pode equivaler a uma aposta no teletrabalho e assim se amenizar a queda da economia, mas não deixa de ser paradoxal após tantos avanços e investimentos nas áreas da saúde.

A variável dependente, em qualquer das quatro hipóteses, não oferece dificuldades de maior, para já, uma vez que está documentada em dados da própria OMS.

Em síntese, o cerne da questão, para qualquer das quatro hipóteses, encontra-se na variável mediadora (tratamento e tempo de recuperação), ou seja, o da natureza da terapêutica de que se dispõe, a qual é perfeitamente eficaz.  Curiosamente, a humanidade iria ser confrontada com um paradoxo nunca imaginado, atendendo ao facto de estarmos em tempos de crescimento exponencial dos saberes e da tecnologia. A explicação do paradoxo exige a convocação da conceção de medicina subjacente às opções por cada uma das estratégias em confronto na opção pela variável independente: (i e ii) imunidade de grupo; (iii) meios tecnológicos (máscaras, distanciamento social e controlo eletrónico do contágio); ou (iv) confinamento “medieval” (inventado e testado em tempos de peste negra, com sucesso nulo).

Bases teóricas da reflexão sobre a variável mediadora

Vemos que a questão que todas as hipóteses consideraram foi a de se poder dispor ou não dispor de um tratamento que, ministrado no início dos sintomas, resolveria o problema da doença (atacando-a na sua fase benigna). Para isso, a administração da Hidroxicloroquina, conjugada à Azitromicina (o conhecido protocolo Raoult)destruiria o SARSCoV-2, bem como travaria, de forma eficaz, o contágio pela diminuição drástica da carga viral em circulação.

Admitíamos, desde logo, que duas conceções da medicina (Bégaud, 2020) se confrontavam, a propósito da abordagem e do tratamento em face do coronavírus SARSCoV-2, mais do que estariam a convergir no ataque ao “inimigo comum”, como seria suposto.

[A OMS é “fraca e temo uma tomada definitiva do poder sobre o medicamento, pela aliança mundial entre a Big Pharma e a China”, confessa o Prof. Jubilado de Farmacologia da Faculdade de Medicina e antigo Reitor da Universidade de Bordéus, imediatamente antes da eclosão da “pandemia” da Covid-19, na obra citada acima [Bégaud, B. (2020). La France malade du medicament: 110 milliards d’Euros plus tard. Paris: Éditions de l’Observatoire].

Com mais de trinta anos de experiência em farmacovigilância, tendo participado em inúmeros grupos internacionais na investigação dos casos mais graves relacionados com medicamentos, o professor Bernard Bégaud abre as portas de um mundo que descreve como “obscuro”. Ele também faz uma retrospetiva sobre diversos escândalos que levantaram as suspeitas dos franceses: o consumo excessivo de ansiolíticos e de antibióticos, os excessos no tratamento da obesidade, etc. Entre a deslegitimação da discussão científica, a inação dos poderes públicos e o ultraliberalismo das grandes empresas, o Prof. Bernard Bégaud denuncia o que considera uma intolerável “passividade global da Academia”. E o certo é que “nada muda”, confessa “desesperado”.]

Esse parece ser o acontecimento mais estranho da atual situação. Sabíamos, ainda, que não faltariam os “ataques” dos “alinhados” às pessoas que estivessem atentas e se fizessem eco de posições divergentes. Não nos podíamos deixar embalar pela verificação de que toda a gente pensava que o “governo seguia a melhor ciência”, como declarava o primeiro-ministro. Tratava-se de defender um posicionamento científico aberto à crítica e não ao unanimismo. “Se todos convergem num pensamento, alguém terá deixado de pensar”, diria Walter Lippman, uma frase depois popularizada pelo General Patton.

A nossa reflexão procura situar os dois campos em confronto na atual crise: a medicina que “cuida”, de maneira descentralizada, de quem sofre, avaliando o sistema imunitário do paciente e tratando, preferencialmente, a partir do imenso tesouro das moléculas existentes no mercado livre (patentes caídas no domínio público). Secundariamente, investiga através do método Action/Research (A/R), verificando critérios de eficácia clínica e de particularidades da doença em causa.

A medicina que “cura”, “aquela que mais cede ao fascínio da novidade” (Bégaud, 2020), e que admite mais facilmente que a resposta à crise será baseada na centralidade do “hospital de referência”. É, também, a que espera a resposta do organismo do paciente antes de atuar, dizendo, entretanto, que a verdadeira resposta só poderá chegar da descoberta de uma vacina ou de um medicamento novo.

Nunca, no passado, se verificou um confronto entre as duas abordagens como o que se passou com o tratamento da Covid-19 à base da molécula da cloroquina e personificada pelo Prof. Didier Raoult (o grande proponente da hipótese 1 e um autor que tem 145.000 citações nas revistas da especialidade, ou seja, mais do que todos os virologistas do Instituto Pasteur, juntos).

Analisem-se, com cuidado, os dados disponíveis sobre a manipulação da opinião pública acerca dos novos tratamentos para a Covid-19. A questão é da máxima relevância, dadas as consequências sanitárias e económicas desastrosas que acarreta. Citamos um só autor, que tem o mérito de ter escrito, meses antes do eclodir da atual crise “global”. Para não nos dispersarmos, citamos os números rigorosos de Bégaud (2020), dado que a França se orgulha de ter o melhor sistema de saúde do mundo e que o investigador é um dos mais reputados no seu campo:

  • 1 milhar de milhões de euros/ano – gastos em doenças não prevenidas ou incorretamente tratadas;
  • 6,54 milhares de milhões gastos em compras de medicamentos inúteis ou em sobrecusto;
  • 1,31 milhar de milhões associados a prescrições não justificadas;
  • 1,21 milhar de milhões associados a hospitalizações induzidas por efeitos iatrogenéticos de medicamentos inúteis ou gastos em consultas desnecessárias;

Total– 10,15 milhares de milhões (note-se que não estão contabilizados os milhares de milhões de euros desperdiçados em 10.000 vidas perdidas/ano pela toma de medicamentos de que as pessoas não necessitavam).

Mas há ainda outras questões tratadas: já foram publicados 15 estudos que apontam para um sobrerrisco que associa os psicotrópicos à doença de Alzheimer. Já se conhecem os aumentos de consumo destes fármacos, na sequência do confinamento, por exemplo!?

Pergunta-se, ainda, quais os gastos inúteis em saúde, em Portugal?  Em proporção e com uma burocracia comparável à francesa, chega-se a perto de 2 mil milhões.

Chegou, entretanto, o momento de conferir os números dos mortos por milhão de habitantes, de os comparar com as gripes normais e de colocar à consideração, de quem se dispuser a tal, a nossa tese do confronto das duas conceções da medicina e de ajuizar do seu rumo face ao futuro.

O relatório do Programa Nacional de Vigilância da Gripe na época 2018/2019, apresentado pelo Instituto Ricardo Jorge, indica os números da mortalidade atribuída à gripe em 3331 e 3700 na época 2017/2018.

Até 5 de julho de 2020 tinham morrido de Covid-19 1614, ou seja menos de metade dos valores para as mortes causadas pela gripe em cada um dos dois anos anteriores.

Dados (OMS - 16/6/2020)

Desta feita apenas especificaremos a taxa de mortalidade por milhão de habitantes, na Europa, para depois olharmos, de forma mais pormenorizada, para os dados desagregados dos países mais próximos e, mais à frente, para os grandes números em termos globais.

Tabela OMS
créditos: DR

A opção portuguesa, e dos países latinos, assim como o Reino Unido (que alterou a sua estratégia inicial), consistiu no confinamento estrito, sem por isso se aproximarem dos que melhores resultados apresentam, na Europa. (As diferenças em termos de quebra do PIB, do desemprego e do déficit público, há-de ver-se dentro de alguns meses. O verdadeiro “medo” devia transladar-se para esta “realidade”).

Para melhor se colocarem em perspetiva, estes dados epidemiológicos, comparem-se ao score mundial (55 mortos por milhão de habitantes). Para outras geografias, temos, por milhão/habitantes: América Latina (105 mortos); Canadá (218); EUA (360).

Outro dado relevante ao nível da gestão da doença: o subconjunto África, Ásia e Oceânia, que contabiliza 77% da população mundial, apenas regista 11% dos óbitos.

Em síntese, retomemos uma ilustração da hipótese 4 face às restantes.

Confinamento, aberração humana, sanitária e económica, segundo G. Delépine

Confinamento
créditos: DR

O quadro é interessante na medida em que estão ilustradas, em gráfico, as hipóteses emitidas: Os primeiros quatro países correspondem à hipótese 4; os três países seguintes, a Alemanha, a Áustria e a Noruega correspondem à hipótese 2: os três últimos países correspondem à hipótese 3.

O caso mais emblemático para nós, como para a França, segundo o autor seria o da comparação entre a Bélgica e os Países Baixos:

Confinamento
créditos: DR

O autor considera que, paradoxalmente, os números confirmam a tese do aumento de casos precisamente depois do confinamento (dez a 15 dias depois da data da sua imposição).

Acerca da variável que denominámos como mediadora (usar o tratamento disponível, no caso do recurso à cloroquina), o autor apresenta o exemplo (“gritante”) da Itália:

Cloroquina
créditos: DR

Como temos dito desde o primeiro artigo, a questão central será sempre a de cada um fazer livremente a sua vida, aprender a identificar os sintomas e ter um médico (um sistema de saúde) próximo que possa tratar as pessoas desde o início da infeção, qualquer que seja a sua condição sanitária ou etária. Toda a gente pode ficar doente, mesmo se 98% dos casos ocorrerão com os idosos. Para as pessoas idosas ou fragilizadas, a partir dos primeiros sintomas da Covid-19, começa a ser tarde. É por isso que as “notícias” sobre a perigosidade da Hidroxicloroquina (o “antibiótico” contra o SARSCoV2), são criminosas como se vê no último quadro.

Resultados

Três factos emergem desta análise dos dados.

O facto mais relevante, na Europa, é que os resultados apresentados não acompanham os gastos em sistemas de saúde, nem o desenvolvimento económico, nem, muito menos, os diversos tipos de confinamento, mais ou menos estrito. A hipótese 4 não apresenta, a este respeito, vantagens evidentes, havendo, no mínimo, três outras hipóteses/estratégias alternativas.

O segundo facto que importa sublinhar é que se este primeiro confinamento custou uma quebra económica insuportável, um segundo confinamento seria duplamente destruidor e insuportável sem uma qualquer ditadura. Seria um autêntico suicídio coletivo. Acreditamos, sinceramente, que a estratégia que a hipótese 4 suporta seria, deste modo, irrepetível. Comprova-se, assim parece, a sua total inutilidade.

Um terceiro facto prende-se com a própria linguagem que fala em “contágio” quando deveria falar-se em possibilidade de imunização pelo contacto com o coronavírus, completando o quadro sanitário formado pela designada “imunização cruzada”.

Segundo diversos virologistas que pudemos ler ou ouvir, em particular o Prof. Didier Raoult entre 40 e 70% das pessoas já estavam imunizados pelo contacto com os 20 outros coronavírus que convivem com a humanidade.

Conclusão

O melhor remédio contra o medo, deste ou de outros elementos patogénicos, é a explicação e a informação rigorosa acerca das possibilidades terapêuticas presentes e baratas que o tesouro das moléculas do domínio público constitui.

A tarefa mais importante, neste momento, é a de nos libertarmos das consequências de um confinamento decidido por governos “amadores”, e que o nosso seguiu, apoiados pelo unanimismo da Academia e dos media, para que a nossa vida possa de novo ser retomada por nós, pelas nossas mãos. O confinamento ficou para trás, não confinemos o nosso espírito crítico, reservemos o espírito livre para responder de maneira criativa à terrível crise económico-financeiro-comportamental que temos pela frente, por muitos anos, se o medo nos paralisar. Felizmente a criatividade existe e o unanimismo será ultrapassado, pela concentração na criatividade e na solidariedade que sempre guiaram a humanidade na senda da procura da verdade.

O que é mais interessante nesta fase da “noite” económica em que Portugal se vê mergulhado, é que os países pobres, com base na medicina “cuidadora” e não na pseudomedicina “curativa” mostraram ao mundo como se vence o medo em face de uma comunicação orquestrada para impor o pânico face à designada à “pandemia”. O futuro é necessariamente o da medicina cuidadora e não da medicina guiada pela Big Pharma financeirizada.

Nota dos autores: Pensamos que se devem escrever textos para que pessoas apavoradas com a Covid-19 possam beneficiar de uma argumentação alternativa à tendência dominante que as confinou no pânico. A Psicologia ensina que, em face de uma “explicação” da doença e do facto de que para ela existe um tratamento, as pessoas continuarão, é evidente, a manifestar receio, mas recuperam a calma e o controlo emocional. Estamos, pois, confiantes na procura da verdade que nos move, conscientes de que: devolver a vida a pessoas apavoradas devia constituir o desígnio estratégico atual de todo o conhecimento científico. Nós não deixaremos de o fazer, “contra ventos e marés”, gostem ou não. Se conseguimos ou não o nosso propósito, isso depende do leitor. A nossa argumentação procura estar aberta à realidade dos números disponíveis para que possa ser criticada e desmontada por quem pretenda ler a realidade com olhos diferentes. Quem aproveitar para insultar o propósito das pouquíssimas vozes que entre nós se não conformaram com a estratégia de comunicação do pânico, está, naturalmente, no seu pleno direito, mas, por favor, não se reivindiquem de únicos cientistas ou de cientistas únicos.