O resgate de hoje ocorreu quando um bote de borracha foi avistado pelo “Ocean Viking”, navio fretado pelas organizações não-governamentais (ONG) Médicos Sem Fronteiras e SOS Méditerranée, a cerca de 40 milhas náuticas da costa líbia.
A bordo do bote estavam 105 homens e adolescentes, a maioria oriundos do Sudão. Entre eles encontravam-se 29 menores, incluindo duas crianças com 5 e 12 anos.
Nos dois anteriores resgates feitos pelo “Ocean Viking”, no sábado e no domingo, a grande parte dos migrantes resgatados eram também homens sudaneses que fugiam da Líbia.
Apesar de algumas complicações registadas na operação de hoje, todos os migrantes foram resgatados e conseguiram chegar em segurança ao convés do “Ocean Viking”, testemunhou a AFP no local.
Com o resgate de hoje, o “Ocean Viking”, que veio substituir o “Aquarius”, embarcação parada devido a procedimentos legais, conta agora com 356 pessoas a bordo.
Mais espaçoso e mais adequado para as missões de resgate, o “Ocean Viking” está equipado para acomodar entre 200 a 250 pessoas em boas condições, mas as duas ONG garantem que a embarcação ainda tem capacidade para acolher mais migrantes caso a situação assim o exigir.
O “Ocean Viking” vai prosseguir com as patrulhas ao largo da costa da Líbia, uma vez que as condições meteorológicas registadas na região são favoráveis à partida de embarcações precárias com migrantes.
A celebração por estes dias no mundo islâmico do Eid Al-Adha (Festa do Sacrifício) também poderá diminuir as patrulhas realizadas pela guarda costeira líbia.
Outro dado a ter em conta é que o “Ocean Viking” é único navio humanitário que se encontra nesta zona.
O “Alan Kurdi” da ONG alemã Sea Eye acaba de regressar à sua base em Maiorca, o “Mare Jonio” da italiana Mediterranea (cujo arresto foi levantado na semana passada) ainda está na Sicília, e o “Open Arms” da espanhola Proactiva Open Arms está parado ao largo da ilha italiana de Lampedusa.
Mais de 150 migrantes resgatados estão retidos, alguns há mais de 10 dias, a bordo do navio da ONG espanhola ao largo de Lampedusa à espera de um porto seguro para desembarcar.
O navio foi impedido de atracar nos portos de Itália e de Malta.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, a maioria oriunda de países africanos, que tentam alcançar a Europa através do Mediterrâneo.
Durante a travessia, muitos destes migrantes são apanhados pela guarda costeira líbia, apoiada pela União Europeia (UE), enquanto outros são resgatados por embarcações de ONG.
O país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011 e devido a divisões e lutas internas de influência entre milícias e tribos, tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações em centros de detenção sobrelotados e precários.
Segundo os dados mais recentes da Organização Internacional para as Migrações (OIM), 39.289 migrantes e refugiados chegaram à Europa através do Mar Mediterrâneo entre 01 de janeiro e 04 de agosto de 2019, cerca de 34% menos que em igual período de 2018.
Daquele total, o maior número de pessoas chegou à Grécia (18.947), seguindo-se a Espanha (13.568), Itália (3.950), Malta (1.583) e Chipre (1.241).
No mesmo período, 840 pessoas morreram durante a travessia do Mediterrâneo, segundo a organização.
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