O Ministério Público imputa a Ângelo e Fábio Guterres, irmãos de 30 e 24 anos, a acusação de dois crimes de homicídio qualificado devido a um ataque à mão armada perpetrado a 5 de novembro de 2023, escreve o Jornal de Notícias. Os dois abriram fogo, matando Gurpreet Singh, de 24 anos, e ferindo Major Singh.

Ambos "decidiram matar Gurpreet Singh e Major Singh por se tratar de indivíduos de nacionalidade indiana e como retaliação contra indivíduos daquela nacionalidade e para causar temor naquela comunidade”, afirma o MP. Ângelo foi quem disparou a caçadeira usada para o ataque, mas Fábio é considerado co-autor do crime.

Segundo o JN, os irmãos cometeram este ato porque a sua mãe tinha sido alegadamente importunada por um grupo de indianos, atacando Gurpreet e Major sem saber se tinham sido eles os autores de tal ato. Escreve o jornal que Ângelo discutiu com um grupo de indianos num café em Praias do Sado, mas não entendeu o que disseram por não falar inglês.

Entretanto, ao sair do café para ir a casa de um amigo, "avistou Major Singh e, suspeitando que tinha sido um dos que tinham importunado a mãe, tentou falar com ele, mas não percebeu por não falar inglês”, afirma o MP, citado pelo JN. Nesse momento, Ângelo viu outros indianos a chegar e, estando embriagado, ameaçou que ia voltar. Foi aí, acreditam as autoridades, que decidiu atacá-los.

De acordo com o MP, após Ângelo ligar ao irmão, os dois "dirigiram-se àquela casa por saberem que moravam ali indivíduos indianos", sendo que "queriam tirar a vida a qualquer cidadão indiano que ali morava”. Ao chegarem à residência, Ângelo levantou o estore da janela para ver quem se encontrava no interior, voltou a baixá-lo e abriu fogo duas vezes sobre o peito de Gurpreet, matando-o. Segundo o JN, os irmãos foram depois ao pátio das traseiras onde ainda alvejaram Singh no ombro, antes deste conseguir tirar a arma. Os irmãos fugiram então, sendo detidos um mês depois.

O MP acusa-os de dois crimes de homicídios cometidos “com especial censurabilidade”, por terem agido “por ódio racial”. Ambos arriscam a pena máxima em Portugal, 25 anos de prisão.