Na abertura do debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado de 2020 (OE2020), o líder e deputado comunista insistiu nas críticas às insuficiências do documento, diferente dos anteriores quatro, aprovados com o apoio da esquerda, ou o elogio ao “excedente orçamental”, e acusou o Governo socialista de ceder a “imposições e submissões” da União Europeia.
“Pode chamar-lhe um pífaro, mas que há imposições e há submissão é uma realidade incontornável”, afirmou Jerónimo, criticando o discurso de elogio ao excedente do Governo, num debate que nunca ficou crispado.
Quando ouve falar do excedente, o líder do PCP confessou lembrar-se “das listas de espera no SNS ou da falta de equipamentos e dos milhões de recursos desviados para o negócio da saúde privada”.
“Milhões” de euros que também vê na proposta de Orçamento do Estado “para os bancos”, mas não vê para reforço do investimento público ou para o reforço na contratação de “milhares de trabalhadores” para os serviços públicos que estão “em rutura”, em especial na área da saúde.
Já quanto ao excedente, o primeiro-ministro garantiu a Jerónimo de Sousa que “não é o objetivo” do seu Governo e incluiu o PCP como um dos que conseguiram “impor uma derrota histórica à direita”.
“Conseguimos provar que era possível ter finanças públicas sãs sem cortar salários e fazer aumentos brutais de impostos. E essa é a derrota histórica da direita em Portugal” em que o PCP “teve um papel importante”, disse António Costa.
Contrariando o secretário-geral dos comunistas, o primeiro-ministro insistiu que o excedente "é o resultado de boa gestão orçamental, crescimento, do emprego e apesar do maior rendimento pago em prestações sociais".
E foi já na parte final do frente-a-frente que o primeiro-ministro disse que ia citar o próprio Jerónimo de Sousa, num apelo ao entendimento, repetindo: “Enquanto houver caminho para andar, só temos um dever, que é continuar a andar.”
Apesar das críticas, o PCP já anunciou que vai abster-se na sexta-feira, no debate na generalidade da proposta do Governo.
Para António Costa, no debate na especialidade, é possível negociar melhorias no Orçamento que, insistiu, é o melhor dos que apresentou em cinco anos: “Com a colaboração e empenho do PCP tenho a certeza de que vamos conseguir melhorar a proposta."
E, repetindo uma ideia do discurso inicial, Costa defendeu uma espécie de “recomeço” nas relações do executivo com os parceiros de esquerda, nomeadamente o PCP, na anterior legislatura (2015-19).
"Temos de reiniciar um ciclo para dar continuidade” ao ciclo anterior, disse.
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