“O Governo tem apresentado enunciados gerais de eventual aproximação sem uma única concretização que responda aos problemas reais das pessoas neste país”, criticou Catarina Martins, questionada pelos jornalistas sobre as negociações orçamentais no final de uma visita à Liga Portuguesa contra o Cancro, em Lisboa.
Questionada sobre as declarações do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, que admite que se falharem as negociações à esquerda o Governo terá de avaliar as condições para prosseguir, a líder do BE considerou-as como mais um “desviar do assunto”.
“Se o Governo não for capaz de apresentar um Orçamento que responda pelo emprego, que responda a quem perdeu tudo, que torne o SNS capaz de responder às pessoas, que seja claro e transparente no uso de dinheiros públicos, é o Governo que está a falhar ao país”, defendeu.
Para líder do BE, o partido “não apresenta propostas como uma espécie de lista de compras”, mas “soluções para os problemas do país” e deixou um apelo ao Governo.
“Muita concretização e menos jogo de palavras. Jogo político, chantagens, isso não interessa a ninguém”, disse.
Catarina Martins pediu ao Governo mais “foco” e reiterou as quatro prioridades do BE nas negociações orçamentais para 2021: uma prestação social temporária para que ninguém fique abaixo do limiar de pobreza; reforço real do Serviço Nacional de Saúde que permita responder não só à pandemia de covid-19; que os apoios às empresas tenham como condição a manutenção do emprego e dos salários; e que “não pode ir mais dinheiro para o Novo Banco” enquanto essas verbas forem necessárias em setores mais essenciais.
“O BE tem apresentado várias propostas e da parte do Governo não tem existido concretização, não basta dizer que a ideia em geral pode ser interessante”, afirmou.
Questionada se o BE exige que essas prioridades estejam já contidas na versão inicial do Orçamento ou se admite a sua discussão depois na especialidade, Catarina Martins respondeu que “uma negociação séria” tem de produzir resultados logo no momento da apresentação do documento na generalidade.
E à pergunta se o BE não receia ficar com o ónus de uma eventual crise política, a líder do BE disse que o único receio que tem é que “não seja possível construir uma solução que responda às pessoas”.
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