Segundo relatos feitos à Lusa da reunião que decorreu à porta fechada, as principais críticas vieram dos deputados Duarte Marques, Emídio Guerreiro e Duarte Pacheco.
Na resposta, o líder parlamentar do PSD, Adão Silva, justificou a ausência de Rui Rio como uma forma de não condicionar uma discussão livre entre os deputados.
Duarte Marques defendeu que o PSD deveria desmascarar o “taticismo” de BE e PCP no orçamento que classificou de “mais à esquerda” do atual Governo do PS e anunciar “o mais cedo possível” o voto contra.
Por essa razão, lamentou a ausência do presidente do partido, que teria permitido concertar já o sentido de voto com a bancada e anunciar, eventualmente no Conselho Nacional de hoje à noite, o voto contra.
Também Emídio Guerreiro lamentou essa ausência, recordando que nos dois anteriores orçamentos o PSD realizou jornadas parlamentares antes de anunciar o sentido de voto, referindo, tal como Duarte Marques, que até o primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, estava reunido com a bancada socialista.
O antigo ‘vice’ da bancada social-democrata também considerou não haver razões para o PSD dramatizar sobre uma eventual crise política, considerando que se trata apenas de ‘bluff’ do BE e do PCP.
Também Duarte Pacheco, uma das vozes do PSD no debate orçamental, defendeu que o partido deveria anunciar já hoje o seu voto contra.
Na quarta-feira à noite, Rui Rio não quis revelar ainda o sentido de voto do PSD no Orçamento do Estado para o próximo ano, mas salientou que “um documento todo construído para agradar à esquerda é muito difícil agradar ao centro”.
Nessa ocasião, o presidente do PSD responsabilizou PS, PCP e BE por uma eventual crise política e afirmou que o voto dos sociais-democratas “não conta” para a aprovação do Orçamento do Estado para 2022.
No entanto, perante a ameaça de ‘chumbo’ por parte do PCP e do Bloco e as palavras do Presidente da República de que sem Orçamento o país terá de ir para eleições legislativas antecipadas em janeiro, Rio deixou um apelo ao Conselho Nacional do PSD, que se reúne hoje às 21:00 em Lisboa.
O presidente do PSD apelou a este órgão que não marque já as diretas e o Congresso - como estava previsto na ordem de trabalhos e com uma proposta de calendário enviada horas antes pela própria direção - e só o faça depois de se esclarecer se o próximo Orçamento do Estado é ou não aprovado.
“O que entendo que seria de bom tom era que este Conselho Nacional fizesse a análise das autárquicas, não marcaria diretas, e ficaria marcado um Conselho Nacional para depois da aprovação ou não do OE. Se o OE for aprovado, há condições para diretas, se não for não vejo como o partido pode fazer internas e legislativas ao mesmo tempo”, disse.
Este apelo à suspensão do calendário eleitoral interno já mereceu críticas de várias figuras do partido, como o ex-candidato à liderança Miguel Pinto Luz, o conselheiro nacional e líder do PSD/Braga Paulo Cunha, o atual deputado Pedro Rodrigues ou os antigos deputados Miguel Morgado e José Eduardo Martins.
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