Num comício realizado ao final da tarde, Jerónimo de Sousa assegurou que “o PCP está, como sempre esteve, disponível para soluções e respostas claras”.

“Não faltaremos com a nossa intervenção e propostas para encontrar as soluções que sirvam os trabalhadores e o povo. O que falta é a vontade do Governo e do PS para levar a sério as respostas que o país precisa”, acusou.

Perante centenas de militantes, o líder comunista apontou vários exemplos de propostas do partido rejeitados pelo PS “com o apoio da direita”, como a revogação das normas da legislação laboral, a redução do preço da energia ou a proteção do direito à habitação.

“Ainda hoje o PCP levou à AR o aumento do Salário Mínimo Nacional, rejeitado com apoio do PS. São estes os sinais que o PS quer dar em matéria de resposta à vida de milhões de portugueses?”, questionou.

Jerónimo de Sousa perguntou ainda “que significado quer” o PS que se atribua a estas opções “quando se discute um Orçamento do Estado que só tem sentido (…) se for integrado nessa perspetiva de uma resposta clara aos problemas e uma sinalização de um caminho diferente”.

Antes do comício, realizou-se desde o Largo de Camões e até à Rua 1.º de Dezembro um desfile de centenas de militantes comunistas, ao qual se juntou Jerónimo de Sousa já no final, acompanhado do candidato da CDU em Lisboa, o antigo eurodeputado João Ferreira.

Na sua intervenção, o secretário-geral do PCP exigiu “respostas e soluções abrangentes”, também no conteúdo do próximo Orçamento, mas não só, deixando claro que essa “clarificação” pesará no posicionamento dos comunistas.

“Não se pode adiar mais assumir a questão dos salários como uma emergência nacional (…) Não se pode adiar mais a recuperação do poder de compra perdido pelos reformados com pensões superiores a 658 euros, assumindo um aumento de todas as pensões”, defendeu.

A eliminação da caducidade da contratação coletiva, o investimento nos serviços públicos, a garantia de creche gratuita para todas as crianças ou a resposta aos problemas de habitação foram outras das reivindicações do líder do PCP.

“Não se pode adiar mais uma política fiscal que desagrave de facto os rendimentos mais baixos e intermédios e tribute decisivamente os dividendos, lucros e património elevados”, apelou ainda.

No comício, ao ar livre e que provocou a curiosidade de alguns turistas, Jerónimo de Sousa voltou à análise dos resultados autárquicos do passado domingo, dizendo não iludir perdas (a CDU passou de 24 para 19 câmaras), mas também não poder “menorizar os resultados” de 9,1% dos votos do total nacional e 451 mil votos.

“Não foi uma batalha fácil esta que acabámos de travar. Tudo o que se conseguiu exigiu um duplo esforço”, considerou.

Para o PSD e para o CDS-PP, mas também para “os sucedâneos” Chega e Iniciativa Liberal, Jerónimo de Sousa deixou um recado: “Há por aí quem se ande a pôr em bicos de pés, empolando resultados que não tiveram, para com eles dar credibilidade e um suposto e imparável apoio popular ao relançamento dos seus projetos retrógrados e antidemocráticos”, criticou.

“Sem subestimar as maiorias obtidas em algumas autarquias mais emblemáticas, a verdade é que a votação de PSD e CDS é inferior à de 2017”, apontou.

O secretário-geral do PCP terminou o comício com uma mensagem de confiança: “Cá estamos, cá estaremos. A luta continua, a luta vale a pena!”.