O FIC.A - Festival Internacional de Ciência foi apresentado esta quarta-feira e deixou encontro marcado na agenda para os dias 12 a 17 de outubro, nos Jardins do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras. Este festival, organizado pela Senciência em parceria com a Câmara Municipal de Oeiras e com o Alto Patrocínio da Presidência da República, é, segundo a organização, o primeiro do género em Portugal.
O evento apresentará, de acordo com os responsáveis, uma programação que “oferece ao público experiências únicas em diversas áreas científicas, artísticas e culturais”. Os promotores esperam receber mais de 40 mil visitantes na sua primeira edição, dos quais metade serão alunos das escolas do município. A estes vão juntar-se ainda espectadores de todo mundo que poderão acompanhar via livestream alguns dos debates, palestras, espetáculos, exposições interativas, workshops e concertos do festival.
O FIC.A pretende assim dar aos visitantes a oportunidade de interagirem com cientistas, artistas e outros profissionais e com equipamentos e materiais que vão desde as áreas da tecnologia, robótica e inteligência virtual, ao ambiente e saúde, passando ainda por campos como a astronomia, o desporto e até a gastronomia, o que permitirá explorar todos os sentidos e relembrar que a ciência está em todo o lado.
Na sua edição de estreia, o festival vai reunir mais de 100 entidades académicas, científicas, tecnológicas, diplomáticas, governamentais e não-governamentais, num programa que supera as 700 atividades e já soma mais de 100 oradores de cerca de 20 países, da Austrália ao Canadá.
Com Alexandre Quintanilha como Embaixador, o festival envolve também 22 curadores de diferentes áreas de conhecimento, entre os quais Elvira Fortunato, Henrique Leitão, Maria Manuel Mota e ainda o ex-ministro da Educação Nuno Crato.
“Os fanáticos e os ignorantes estão cheios de certezas, enquanto os estudiosos e os qualificados cheios de dúvidas”, foi esta a frase, com base numa famosa citação de Bertrand Russell, que o embaixador do evento usou como ponto de partida na sua intervenção durante a apresentação, salientando que “não poderia pensar numa frase mais atual”. Relembrando que a dúvida está na base da procura do conhecimento, definiu como linha orientadora cinco grandes desafios atuais e que considera que vão ser "cada vez mais graves nas próximas décadas": o aquecimento global; as doenças zoonóticas, que necessitam de um diálogo mais intenso entre especialistas da saúde humana e de veterinária; as alterações demográficas; as democracias fragilizadas; as teorias da conspiração e fake news.
Para o embaixador, torna-se óbvia a necessidade de “mais conhecimento, mais partilha, mais interdisciplinar”, bem como “o diálogo entre profissionais” e as “literacias em todos os domínios” e este é “um festival para abordar os vários domínios do conhecimento”.
Na apresentação do festival, a organização levantou um pouco o véu sobre o que poderemos esperar em outubro e anunciou a presença de Timothy Caulfield, investigador no campo do direito e ética na saúde e produtor da A User's Guide to Cheating Death da Netflix; bem como o norte-americano Thomas Lovejoy, biólogo e ecólogo que dedicou mais de 50 anos a estudar a Amazónia, pai do conceito de “diversidade biológica”; o astronauta português Rui Moura, acompanhado pela tecnologia portuguesa que se encontra nos veículos enviados a Marte, entre outras aplicações desenvolvidas por empresas como o ISQ, InovLabs e ALGA+; e ainda Barry Fitzgerald, investigador e comunicador de ciência que se dedica a explorar a ciência por detrás dos super-heróis. Houve ainda espaço para o espetáculo de ciência “Física Viva”, em que o público é convidado a experimentar as mais variadas aplicações da Física - uma breve antevisão do que esperará os visitantes em outubro.
Rúben Oliveira, biólogo e diretor científico da Senciência, realça que “o FIC.A vem afirmar a importância de enraizar a ciência na sociedade, na consciência e vida de todos” e que espera que “todos sintam que o evento foi pensado para eles e para cada um, e, sobretudo, para os menos interessados e incluídos”. “Queremos vê-los envolvidos na ciência, mais despertos a estímulos ao conhecimento”, refere, acrescentando que foi nesse sentido que foi desenvolvida “uma forte componente artística e cultural, que inclui música, cinema, teatro, literatura, artes digitais e até artes têxteis.”
Já Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, garantiu não ter dúvidas “sobre o efeito inspiracional que o Festival Internacional de Ciência terá no despertar do interesse das novas gerações e na generalização da cultura científica na nossa comunidade”. “Mais do que estimular a curiosidade, estou convencido de que esta celebração vai afirmar a ciência como a atividade cultural relevante que é, aproximando as pessoas da ciência que é feita em Oeiras. Este é um dos investimentos mais significativos que podemos fazer pela sociedade, dando a conhecer o muito que a comunidade científico-tecnológica Oeirense já faz pelo país”, rematou.
O FIC.A decorrerá todos os dias das 9h30 às 23h00, com entrada gratuita mediante reserva dos bilhetes na plataforma online.
A iniciativa encontra-se inscrita na candidatura do Município de Oeiras a Capital Europeia da Cultura 2027.
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