O presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis afirmou hoje que o município de 163 quilómetros quadrados perdeu no incêndio da semana passada 25% da sua mancha florestal e apelou a que se melhore o cadastro de terrenos.
À saída de uma reunião com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e com deputados do distrito de Aveiro e autarcas do município vizinho de Arouca, também afetado por fogos no mesmo período, Joaquim Jorge Ferreira disse que as chamas destruíram no seu território mais de 2.100 dos seus cerca de 9.500 hectares de mancha arbórea.
A avaliação global dos danos ainda está, contudo, a decorrer, de forma a avaliar outras perdas além das relativas a floresta, a uma casa habitada e a vários anexos.
“Agora temos uma segunda fase em que vamos fazer uma avaliação dos prejuízos quer públicos, quer privados em outras dimensões que não o edificado”, disse.
Referindo que o abastecimento de água já foi reposto nas localidades cujas canalizações foram destruídas pelos fogos, Joaquim Jorge Ferreira afirmou depois que o projeto “Aldeia Segura” se mostrou “eficaz” e permitiu evitar danos maiores nos povoados mais isolados do concelho, mas defendeu que, também a nível preventivo, há outros mecanismos que precisam ser melhorados.
“É muito importante termos em cada um dos habitantes locais um agente da proteção civil e o programa ‘Aldeia Segura’ permitiu uma melhor coordenação de meios em aldeias distantes, muitas vezes constituídas por uma população fortemente envelhecida que precisa de apoio em momentos críticos como este”, explicou o autarca socialista.
Mas, acrescentou, “não conseguimos notificar os proprietários dos terrenos para que procedam à limpeza a que estão obrigados por lei”.
Nesse contexto, Joaquim Jorge Ferreira tem opinião idêntica à que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, partilhou esta manhã na visita a Oliveira de Azeméis, quando ambos classificaram o cadastro simplificado como uma boa solução, mas lhe apontaram limitações que constrangem o seu efeito prático ao nível da manutenção e limpeza das áreas florestais, e, consequentemente, da prevenção de incêndios.
“O cadastro é fundamental e a identificação dos proprietários é muito importante”, argumentou o presidente da Câmara, “mas neste momento é importante também que nos possamos socorrer dessa informação para contactar essas pessoas e as notificar, e atualmente há impedimentos legais que não nos permitem aceder aos dados delas”.
Mesmo assim, no imediato o que preocupa Joaquim Jorge Ferreira é a previsão de precipitação forte para os próximos dias.
“A nossa preocupação agora é com as escorrências que vão ocorrer por causa das chuvas e é nisso que vamos concentrar a nossa atenção e as nossas energias”, salientou.
O incêndio que deflagrou a 15 de setembro em Oliveira de Azeméis chegou a ser combatido por mais de 500 operacionais, teve várias frentes ativas em simultâneo e só foi dado como extinto na quinta-feira, no quinto dia de combate ao fogo. O Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil, acionado no dia 16, vigorou até ao fim desta manhã.
No mesmo período, outros concelhos das regiões Norte e Centro do país enfrentaram grandes incêndios, cada um deles envolvendo centenas de bombeiros, sendo que entre os dias 15 e 19 sete pessoas morreram e 177 ficaram feridas devido a esses fogos, que destruíram ainda dezenas de habitações.
Segundo o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, desde o dia 15 foram queimados em Portugal continental mais de 124.000 hectares e, desses, mais de 116.000 situam-se no Norte e Centro, que concentra assim 93% da área ardida em todo o território nacional.
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