Os nomes das doenças são escolhidos à porta fechada por um comité técnico, mas a OMS decidiu, desta vez, abrir este processo ao público (as submissões podem ser feitas  através de um portal online).

Citada pela agência, a OMS disse que vai decidir as propostas para o novo nome da doença "de acordo com a sua validade científica, a sua aceitabilidade, se é pronunciável e se podem ser usados em diferentes idiomas".

"Temos a certeza de que não vamos decidir um nome ridículo", garantiu a porta-voz da organização, Fadela Chaib.

Uma das submissões mais populares é Mpox, que foi submetida por Samuel Miriello, director da organização de saúde masculina RÉZO, e que está já a ser usado em campanhas em Montreal, no Canadá.

Outra das propostas, a TRUMP-22, parece referir-se ao antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas o seu autor diz ser o acrónimo para "Toxic Rash of Unrecognized Mysterious Provenance of 2022" (Erupção Tóxica de Proveniência Misteriosa Não Reconhecida de 2022, tradução livre).

O vírus da varíola do macaco foi nomeado depois de ter sido descoberto em 1958, antes que fossem adotadas melhores práticas na nomeação de doenças e vírus, tendo sido identificado pelas regiões geográficas onde se tinha conhecimento da sua circulação.

Nomes de variantes baseados na numeração romana

Um grupo de especialistas internacionais convocado pela Organização Mundial da Saúde concordou em nomear as variantes da varíola dos macacos com algarismos romanos, como parte dos esforços para ordenar as designações dos subgrupos da doença, foi hoje anunciado.

“A melhor prática atual é que vírus recém-identificados, doenças relacionadas e variantes de vírus devem receber nomes com o objetivo de evitar ofender qualquer grupo cultural, social, nacional, regional, profissional ou étnico e minimizar qualquer impacto negativo no comércio, viagens, turismo ou bem-estar animal”, indicou a OMS em comunicado.

De acordo com o organismo, especialistas em varíola, biologia evolutiva e representantes de institutos de investigação de todo o mundo examinaram a filogenia e a nomenclatura de variantes ou caldes (subgrupos do vírus) conhecidas e novos do Monkeypox, vírus que causa a doença varíola dos macacos.

“Discutiram as características e a evolução das variantes do vírus da varíola dos macacos, as suas aparentes diferenças filogénicas e clínicas e possíveis consequências para a saúde pública e futuras investigações virológicas e evolutivas”, adiantou a OMS.

O grupo chegou a um consenso sobre uma nova nomenclatura para as variantes do vírus que está de acordo com as melhores práticas, concordando como deveriam ser registadas e classificadas em ‘sites’ de repositórios de sequências genómicas.

“O consenso foi alcançado para agora se referir à antiga clade da Bacia do Congo (África Central) como Clade I e a antiga clade da África Ocidental como Clade II. Além disso, foi acordado que a Clade II consiste em duas subclades”, observou.

A estrutura da nomenclatura vai ser representada por um número romano para a clade e um caráter alfanumérico para as subclades.

Assim, segundo a OMS, a nova ordem compreende Clade I, Clade IIa e Clade IIb, com a última a referir-se principalmente ao grupo de variantes que circulam no surto global de 2022.

“A nomeação das linhagens vai ser proposta pelos cientistas à medida que o surto evoluir. Os especialistas vão ser convocados novamente conforme necessário”, apontou a entidade especializada em saúde.

Com Lusa