Numa videoconferência de imprensa realizada a partir da sede da instituição, em Genebra, na Suíça, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan considerou normal a interrupção do processo, anunciada na noite de terça-feira, e explicou que a situação está a ser monitorizada e avaliada para garantir a segurança da vacina.
“Quando se fazem ensaios clínicos procuramos duas coisas: eficácia e segurança. Cada protocolo tem definidos procedimentos para seguir estes efeitos. Quando há um efeito adverso significativo, como o que aconteceu, o ensaio é suspenso. É normal, a segurança é o mais importante. Haverá um debate e depois será tomada uma decisão de como prosseguir”, afirmou.
A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e a universidade britânica de Oxford é um dos projetos ocidentais mais avançados, testado em dezenas de milhares de voluntários no Reino Unido, no Brasil, na África do Sul e, desde 31 de agosto, nos Estados Unidos. Os ensaios estão na denominada fase 3 dos ensaios, a última, para verificar a segurança e eficácia da vacina.
No entanto, Soumya Swaminathan reconheceu o contratempo no desenvolvimento desta vacina como um “alerta” para os “altos e baixos da investigação” científica, tentando reiterar a esperança na continuidade neste processo.
“Temos de estar preparados e não podemos ficar desencorajados. Esperamos que as coisas possam prosseguir, mas temos de esperar pelos detalhes sobre o que aconteceu”, frisou a cientista-chefe da OMS, evitando comprometer-se com prazos: “Os ensaios clínicos levam tempo e as agências regulatórias vão também precisar de tempo para olhar para os resultados e decidir. Pode ser que haja resultados até ao fim do ano, temos de ser pacientes e esperar”.
Já o diretor executivo da OMS, Michael Ryan, manifestou a sua compreensão pela “ansiedade” das pessoas em relação a uma vacina, mas rejeitou o clima de “competição” internacional. “É uma corrida contra o tempo, contra o vírus e para salvar vidas, não é uma corrida entre países. Não é uma competição”, referiu.
De acordo com os números avançados hoje pela organização, existem cerca de 180 vacinas em desenvolvimento, das quais 35 estão em fase de testes em seres humanos.
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