Dados da Valorsul e das restantes empresas do Grupo EGF, que gere 60% dos resíduos urbanos em Portugal, permitiram concluir que houve um aumento de lixo pandémico não reciclável em 2021, em comparação com o ano anterior, escreve o Jornal de Notícias (JN).

A Valorsul afirma que, “pelas suas características, o que tem mais peso são as luvas descartáveis”. Por outro lado, de momento ainda não há dados sobre a quantidade de autotestes descartados. A dificuldade de análise é maior, uma vez que os resíduos que resultam da pandemia “são sempre encaminhados para instalações de tratamento de resíduos com eliminação, ou seja aterros ou instalações de valorização energética”, acrescenta a Valorsul.

Entretanto, permanecem dúvidas sobre como separar os diferentes resíduos dos autotestes à covid-19. Onde colocamos a caixa de cartão e o folheto em papel? Como não há indicação de material reciclável, pode colocar-se a dúvida se se deposita no lixo comum, como acontece com a cassete do autoteste e a zaragatoa.

Todavia, a associação ambientalista Zero considera que "não faz sentido" não haver separação e o Ministério do Ambiente indica que estes resíduos urbanos devem ser separados e "colocados no ecoponto respetivo", escreve o JN.

O gabinete do ministro do ambiente, João Pedro Matos Fernandes, refere ainda que “as embalagens não reutilizáveis deixaram de estar sujeitas a marcação desde 1 de janeiro de 2019, pelo que não é obrigatório que tenham o símbolo de ponto verde”. Contudo, o governo promete indicar brevemente o “destino adequado” para estes componentes.

Neste sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deixa um alerta: é preciso ter em atenção a “necessidade extrema” de se melhorar a gestão de lixo pandémico, uma vez que houve um aumento de milhares de resíduos devido à pandemia.

“Dezenas de milhares de toneladas de resíduos médicos adicionais resultantes da resposta à pandemia Covid-19 colocaram uma enorme pressão nos sistemas de gestão de resíduos de saúde em todo o mundo, ameaçando a saúde humana e ambiental e expondo uma necessidade terrível de melhorar as práticas de gestão de resíduos”, escreve a OMS.

Na análise apresentada foram consideradas pela OMS as 87 mil toneladas de equipamento de proteção individual de ajuda urgente adquiridas pela ONU, assim como mais de 140 milhões de kits de teste e 144 mil toneladas de resíduos relacionados com as vacinas — e tudo isto deve ter acabado no lixo comum.