O estudo denominado “pro-mulher” teve início em julho com a auscultação de mulheres de vários extratos sociais, empregadores e instituições estatais, tendo como uma das conclusões preliminares “que não existe igualdade de oportunidades no acesso ao mercado de trabalho em São Tomé e Príncipe”.
Durante a apresentação dos resultados preliminares, a consultora do estudo, Ernestina Menezes, apontou como principais desafios de inclusão profissional da mulher o machismo estrutural e estereótipos de género, as dificuldades na conciliação da vida familiar com a vida profissional, a gravidez precoce, a rede de transportes, as dificuldades de apostar na educação e o abandono escolar, bem como os salários baixos.
“Nós temos uma sub-representação das mulheres em cargos de poder e tomada de decisão pelas diferentes áreas profissionais mais bem remuneradas”, indicou Ernestina Menezes.
A consultora referiu que, durante a realização das auscultações de grupos, as mulheres alegaram que “muitas delas são assediadas” depois das entrevistas de emprego, recebem “olhares insinuadores” ou gestos e quando são admitidas ao emprego “são cobradas algumas coisas em troca como se fosse feito um favor”.
“A intenção do estudo para a TESE é poder posteriormente lançar iniciativas para contribuir para a solução do problema, mas também procurar que essa informação possa ser útil para o país, para influenciar eventualmente futuras políticas públicas, iniciativas de entidades empregadoras e as mulheres nos caminhos que queiram fazer”, disse a diretora executiva da Tese, Joana Mendonça.
O estudo é financiado pela cooperação portuguesa através do Camões IP e conta com apoio da Companhia Santomense de Telecomunicações (CST).
Celeste Sebastião, que representou a cooperação portuguesa na cerimónia de apresentação do estudo, sublinhou o contributo do mesmo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que “prometeu não deixar ninguém para trás”.
“No entanto, e apesar de nos últimos anos terem sido confirmadas algumas conquistas importantes, o caminho para a consecução da igualdade continua a enfrentar antigos e novos desafios, quer aqui em São Tomé e Príncipe, mas também em tantos outros países que nós conhecemos”, disse Celeste Sebastião.
A representante da cooperação portuguesa disse, ainda, que, “apesar do aumento significativo do nível de educação das mulheres, a participação feminina no mercado do trabalho não tem sofrido alterações ao longo dos últimos anos, mantendo-se concentrada em setores de emprego vulnerável e informal”.
O ministro da Saúde, Trabalho e Assuntos Sociais admitiu que há dificuldades em reconhecer as capacidades do género feminino no acesso ao emprego, defendendo que é preciso “avaliar as pessoas que estão à frente das instituições tanto públicas como privadas para terem uma melhor análise dos recursos humanos”.
“Devemos criar igualdade de oportunidade até pelo sentimento de justiça, porque haverá sempre sentimento de injustiça enquanto houver esses problemas de desigualdade no acesso, e na remuneração”, disse o governante santomense.
Celsio Junqueira disse que o estudo desenvolvido pela TESE oferece “muitas pistas” para refletir “sobre o que está errado e o que pode ser corrigido para dar resposta às expectativas da população, sobretudo do género feminino”.
“Nós temos no país o problema de organização. O Estado não está tão bem organizado, não está eficiente, temos problemas na contratação, de transparência de contratação. Há vários problemas que o Governo está a tentar ultrapassar e conta com a ajuda dos parceiros”, declarou.
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