Os 15 membros do Conselho votaram a favor da renovação da missão, numa das raras ocasiões em que ainda existe unanimidade no órgão máximo da ONU, fixando a data de 20 de dezembro de 2024 para a retirada total.
O governo democrático-congolês, à semelhança de outros Estados africanos como o Mali e o Sudão, apelou à retirada gradual da Monusco, que se revelou incapaz de conter a violência no país, mas até agora ainda não havia sido acordado um calendário preciso para a saída dos “capacetes azuis”.
A resolução, que renova o mandato da Monusco por mais um ano, prevê nomeadamente a saída dos “capacetes azuis” da província de Kivu do Sul, no leste do país, até ao final de abril de 2024.
A decisão do Conselho de Segurança ocorre a apenas 24 horas das eleições, em que há 44 milhões de eleitores inscritos e o Presidente cessante, Felix Tshisekedi, se candidata a um segundo mandato de cinco anos, num contexto de grande instabilidade no leste do país.
Desde 1998, que o leste da República Democrática do Congo (RDCongo) está mergulhado num conflito alimentado por dezenas de milícias rebeldes e pelo exército, que a Monusco não tem conseguido desativar.
Entre as milícias, destaca-se, nos últimos meses, o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), que pegou em armas na província oriental do Kivu do Norte, onde se apoderou, nas últimas semanas, de numerosas zonas e localidades estratégicas.
Segundo a organização não-governamental Human Rights Watch, a violência em curso impedirá mais de 1,5 milhões de pessoas que vivem em zonas inseguras de votar, apesar de o governo ter solicitado a assistência da Monusco para assegurar a distribuição do material eleitoral e demais operações relacionadas com a votação.
O país está a atravessar uma das piores crises humanitárias do mundo e atingiu recentemente o número recorde de 6,9 milhões de pessoas deslocadas internamente, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Os combates entre os rebeldes e o exército desencadearam também uma escalada de tensões entre a RDCongo e o Ruanda devido à alegada colaboração de Kigali com o M23, uma alegação que as autoridades ruandesas negam, embora tenha sido confirmada pela ONU.
A Monusco tem 19.815 militares, 760 observadores militares e 1.400 polícias, de acordo com os seus próprios números, o que a torna numa das maiores missões das Nações Unidas.
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