“Qualquer iniciativa deste tipo está, de qualquer modo, dependente de Israel, um crítico acérrimo da ONU”, afirmou Lacroix.
Numa entrevista à Bloomberg, Lacroix argumentou que qualquer envio de forças da ONU para Gaza necessitaria da autorização de Israel, um país que atualmente não tem uma estratégia para um futuro pós-guerra no enclave e que acusou as agências da ONU de conluio com o Hamas, movimento extremista islamita que pretende erradicar.
Israel é responsabilizado pela morte de cerca de 170 funcionários da ONU desde o início da ofensiva contra o Hamas na Faixa, a 07 de outubro de 2023, em resposta a um ataque do movimento palestiniano em território israelita.
Além disso, exemplos próximos de operações como a UNIFIL não sugerem um papel ativo para este hipotético destacamento, porque a missão de manutenção da paz da ONU no Líbano desempenha um pequeno mas crucial papel de mediação no meio de um fogo cruzado entre o movimento xiita pró-iraniano Hezbollah e Israel.
“A guerra teve um impacto enorme numa missão que é, neste momento, o único canal que pode transmitir mensagens entre as duas partes” e que é “extremamente importante para evitar mal-entendidos”, frisou.
A 16 deste mês, após uma reunião realizada no Bahrein para debater a crise, a Liga Árabe solicitou “o envio de uma força internacional de proteção e de manutenção da paz das Nações Unidas para os territórios palestinianos ocupados”, pelo menos até à conclusão do que seria um acordo histórico para a criação de um Estado palestiniano independente.
Para Lacroix, este cenário ainda está muito longe.
“Neste momento, ninguém sabe como será o ‘dia seguinte’ em Gaza, não fazemos a mínima ideia”, reconheceu, e entre o pouco que se sabe ao certo, “seria necessário que todas as partes, incluindo Israel, evidentemente” concordassem com esta proposta.
Por isso, o chefe das operações de paz indicou que “a questão primordial neste momento” em Gaza é declarar um cessar-fogo humanitário, libertar os reféns detidos pelas milícias palestinianas e fazer com que as partes avancem para uma solução de dois Estados.
Para Lacroix, as disputas políticas são o “maior desafio que as Nações Unidas enfrentam, não só no domínio das operações de paz, mas em tudo o que se refere às competências da ONU no domínio da segurança”.
Lacroix apelou aos Estados-Membros, em particular aos permanentes do Conselho de Segurança, que decidem em última instância sobre este tipo de operações, “unidade e empenhamento para compreender uma visão multilateral”, depois das inúmeras fricções entre os Estados Unidos e a Rússia sobre o desenvolvimento do conflito em Gaza.
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