O The Guardian revela esta quinta-feira que 15 funcionário da Organização das Nações Unidas queixaram-se de terem sido vítimas de assédio ou de agressões sexuais, descrevendo uma cultura de silêncio em toda a organização e um sistema de denúncia defeituoso em que os acusadores são ignorados e os perpetradores continuam livres para agir em impunidade.
Dos funcionários entrevistados, 15 afirmaram ter vivido episódios de abuso ou assédio sexual nos últimos 5 anos, com as acusações descritas a irem de assédio verbal até casos de violações.
As acusações partiram de funcionários da ONU em 10 países diferentes e foram feitas de forma anónima, opção tomada pelo medo que as denunciantes têm de perder o emprego.“Se fizeres uma denúncia, a tua carreira chega praticamente ao fim”, disse uma das queixosas ao jornal britânico.
Três das mulheres dizem mesmo ter vivido essa situação ao terem sido despedidas ou ameaçadas de despedimento enquanto, paralelamente, os agressores permanecem em exercício de funções.
Uma das mulheres, alega ter sido violada por um alto funcionário da ONU enquanto trabalhava num local remoto. "Não há maneira de termos justiça, e também perdi meu trabalho".
A acusadora disse que, apesar das evidências médicas e testemunhas, uma investigação interna da ONU diz não ter encontrado provas suficientes para sustentar a sua alegação. Junto com o trabalho dela, diz ter perdido o seu visto e passado meses no hospital por stress e trauma.
Numa das descrições reveladas pelo Guardian surge ainda o relato de um provedor de uma das agências onde foram feitas denúncias que terá afirmado que não podia tomar qualquer posição devido a ameaças provenientes de dirigentes da ONU. Ao mesmo tempo, outro provedor, de outra agência, terá mesmo desaconselhado uma das vítimas a apresentar queixa.
Ao jornal britânico, a ONU reconhece a pouca atenção que estes casos têm merecido, salientando que uma das bandeiras da liderança de Guterres é “priorizar e tratar os casos de assédio sexual e defender uma política de tolerância zero”.
A organização, numa declaração, prometeu ainda "procurar fortalecer os esforços para investigar relatórios e apoiar as vítimas". A organização liderada por António Guterres nomeou defensores dos direitos das vítimas e criou um comité de alto nível para o assédio sexual, que tem como objetivo rever políticas e fortalecer as investigações. A ONU também realizará uma investigação para perceber a extensão da questão e criará uma linha de ajuda para pessoas que procuram ajuda.
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