O Irão é palco desde o passado dia 28 de dezembro de grandes manifestações contra a má situação económica do país e o regime dos ‘ayatollahs’.
Os protestos, iniciados em Machhad (nordeste) e que rapidamente se propagaram a outros pontos do país, já levaram à morte de pelo menos 21 pessoas.
“Estou profundamente preocupado com as informações que apontam para mais de 20 mortos, incluindo um menino de 11 anos, e centenas de detidos durante a recente vaga de protestos no Irão”, assinalou o jordano Zeid Ra’ad Al Hussein, num comunicado.
“As autoridades iranianas devem respeitar o direito de todos os manifestantes e detidos, incluindo o direto à vida, e devem garantir a sua segurança”, prosseguiu o diplomata jordano, que assume o cargo de Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos desde 2014.
Na mesma nota informativa, Zeid Ra’ad Al Hussein apelou à realização de uma investigação minuciosa, independente e imparcial sobre todos os atos de violência que ocorreram no âmbito dos protestos.
Também pediu um esforço por parte das autoridades iranianas para que todas as forças de segurança tenham uma atuação proporcionada e estritamente necessária. E relembrou que qualquer medida deve ser enquadrada “plenamente” no Direito Internacional.
O Alto Comissário sublinhou ainda que os iranianos saíram às ruas para expressar a sua insatisfação com as políticas do governo de Teerão e que têm o direito de serem ouvidos, defendendo que os problemas levantados pelos protestos populares devem ser resolvidos pela via do diálogo “em pleno respeito da liberdade de expressão e do direito à reunião pacífica”.
“É essencial que as medidas das autoridades não provoquem uma espiral de violência como a de 2009″, advertiu Zeid Ra’ad Al Hussein, que anunciou, a 20 de dezembro, que não pretende avançar para um segundo mandato.
Em 2009, a reeleição do então Presidente Mahmoud Ahmadinejad originou protestos a nível nacional, com milhares de iranianos a denunciarem nas ruas das principais cidades do país uma fraude eleitoral e a manifestarem apoio ao então candidato reformista Mehdi Karroubi.
Os protestos, que também ficaram conhecidos como “Revolução Verde” e prolongaram-se por vários meses, provocaram na altura cerca de 70 mortos e milhares de detidos.
“As autoridades têm de tomar todas as medidas necessárias para assegurar que isto não volte a acontecer”, insistiu o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, salientando que os protestos pacíficos não devem ser criminalizados e que “são uma parte legítima do processo democrático”.
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